terça-feira, 27 de novembro de 2007

Pedantismo Aonde?

Pensamento do dia: "meu pau é tão grande que, se eu estender no teclado, vai de A a Z!".

P.S.: Eu fiquei em dúvida sobre dizer que esse pensamento não era meu ou ficar quieto. A verdade é que eu li em algum lugar, mas podem escolher não acreditar nisso, se quiserem, como fez o cara que mora comigo. Ah, e agora vão pensar que eu tenho pinto pequeno e sou homossexual. É o sonho de todo macho. Se bem que, analisando direitinho, no tribunal dos machões, eu acho que pinto pequeno seria fator atenuante da baitolagem, já que é menos pinto se esfregando no outro cara. Isso, lógico, considerando o réu como ativo. Mas, embora eu goste muito de falar sobre um tema tão polêmico, eu queria comentar outra coisa. Bem menos legal.

Ainda P.S., parágrafo segundo: Bom, eu vou logo narrar o diálogo:
-Ei, eu li algo muito bom esses dias.
-Ah, é? O que?
-"Meu pau é tão grande que, se eu estender no teclado, vai de A a Z!"
(parte em que ele levou algumas linhas de texto para entender a parte humorística suprimida)
-Que bosta. Você pensou nisso?
-Não.
-Lógico que pensou. É uma das suas merdas.
-Não, eu li em algum lugar.
-Certeza que você ficou aí pensando pra fazer alguma piada com pinto e computador.
-Na-na-na, se fosse para fazer uma piada com pinto e computador eu usaria o cooler.
-Hein?
-Pela sonoridade. E pelo papel de moedor de carne que ele tem.
-Ah, é? Tipo o que?
-Hã... "enfia seu pau no cooler e ele sai todo picado!"
(parte em que percebemos o campo semântico acidental e rimos por alguns bons minutos suprimida)

Molhe Comigo

-Homem-Lógico!

O guarda olhou espantado para o capitão. Mais surpreso que espantado, na verdade. Coisa de 65% de um, 30% do outro e 5% de um pavor de borrar as calças. O que foi uma excelente melhora, porque o pavor de borrar as calças estava em torno de 60% quando ele perguntou "que merda, capitão, quem é que vai lá pra dentro?" e temeu ouvir o próprio nome.

Ainda assim era assustadoramente arriscado apostar em um vigilante mascarado que não fazia parte da força policial, que não estava por perto e podia nem estar sabendo do ocorrido. Até onde o guarda Borrabotas sabia, ele podia estar bebericando suco de uva no sambódromo. Por outro lado, realmente não havia muita coisa a se fazer. Os assaltantes tinham reféns e, embora o banco estivesse cercado, seria muito difícil evitar um final trágico.

E enquanto esses pensamentos se organizavam meio lentamente em sua cabeça, ela foi perfurada por uma bala. Se não tivesse sido, ele veria uma figura imponente, um homem alto de cerca de trinta anos, moreno, vestindo um uniforme verde que já ficaria apertado em alguém cerca de trinta anos mais novo, perguntar:

-O que o Homem-Lógico pode fazer por vocês, capitão?

-Homem-Lógico! Graças aos céus. Temos um grande problema aqui.

-Não precisa dizer muito. Quantos são lá dentro?

-Vinte e um. Cinco assaltantes e dezesseis reféns.

-Já foram identificados?

-Já, sim. Temos as fichas deles aqui na viatura.

Dizendo isso, tirou todas as fichas e mostrou-as para o Homem-Lógico, enquanto tentava entender o que pensava aquela misteriosa figura. O olhar compenetrado parecia analisar todas as fichas ao mesmo tempo. O do capitão alternava entre o Homem-Lógico e as fichas. Um dos homens era careca, suspeito de ter participado da KKK vinte anos atrás, mas rumores diziam não ter saído da organização em bons termos. Outro era um terrorista árabe que, juntamente com um terceiro, loiro e absurdamente alto, havia operado com drogas na Colômbia. O quarto elemento do bando era mulato. O quinto poderia ser indígena ou japonês para que o quadro étnico ficasse mais completo, mas esse quinto, ou melhor, essa quinta, era uma mulher, jovem, fisionomicamente muito parecida com o loiro alto.

Então o Homem-Lógico parou um pouco e ouviu uma gravação de uma rápida conversa entre o capitão e um dos assaltantes, que parecia ser o líder. Era um dos homens, e o vocabulário revelava um nível de escolaridade não muito alto. Em um certo momento durante a discussão, a voz de uma mulher interrompeu e houve uma rápida discussão abafada. Não chegou a ser uma discussão violenta, estava mais para algo cooperativo.

-Já vi o suficiente. Hora de resolver essa situação.

Então correu, pulou o muro com a ajuda de seu Bastão Lógico e, uma vez dentro do banco, sacou seu Revólver Lógico e matou todos os bandidos. Dez reféns morreram no processo e o Homem-Lógico sumiu, para ser visto novamente em uma outra emergência policial ou, ocasionalmente, bebericando suco de uva no sambódromo.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Aparar Filosofar Obeso

-Porra! Essa bola foi fora!
-Foi o caralho, maluco!
-Foi fora, manda aí, é nossa!
-Cala a boca, velho.
-Dá essa porra aqui! Vou cobrar.
-Vai o cacete, sai fora.
-Dá essa merda aqui antes que eu fique puto!
-Ah, é? E que é que tu vai fazer? Bater em mim?
-Não... vou não...
-Então xiu aê!
Ao dizer dessa frase, um toco de madeira desenhou um arco muito bonito que começou acima da cabeça de um rapaz e terminou tentando entrar na cabeça do outro.
-CARALHO!
-Taí, agora dá essa porra.
-Tu me bateu, seu porra! Tu mentiu!
-Menti nada, quem bateu em você foi o pau.
-Ah, é?
-É.
-Então também não vou bater em você.
-Ah, mer...
E foi-se uma bela muqueta no nariz.
-Porra, cê bateu em mim.
-Bati não, meu braço que bateu! Seu corno!
-Seu filha da puta, seu braço é você.
-Meu braço é eu? Picas que meu braço é eu!
-Meu não é e só tem nós dois aqui, essa porra é sua.
-É meu mas não é eu. Tu fala com meu braço, por acaso? Se cortar meu braço eu morro?
-Caralho, é parte de você.
-É só parte.
-Mas a parte não é parte sem o todo.
-Tá, mas até por uma questão lógica, só a parte não é o todo.
-É, só que o todo não é todo sem a parte. O conjunto A não é o conjunto A se você tirar um elemento que seja dele. Aliás o conjunto A todo é parte do conjunto A, porque A está contido em A. Sendo a parte também o todo.
-Ah, é? Você se contém?
-Lógico. Eu sou, majoritariamente, parte integrante e indissociável de mim.
-Então teu braço é tu, porque faz parte de você?
-É.
-E quanto tu tá com ar no pulmão ele é você, também?
-Deixa eu ver... é. Tá em mim. Faz parte.
-Legal. E quanto tu solta? E quando tu mija? Tá se jogando fora?
-Bom, aí deixa de fazer parte de mim.
-Beleza. Então eu não vou te molhar...
-Saca esse pinto e ele vai deixar de ser parte!
-Velho, se tu for pegar refúgio em semântica, lógica e filosofia, faz direito. Se tu não me bateu, se eu mijar em você tu não vai poder fazer nada.
-E se eu arrancar seu pau, ele não vai mais ser parte de você e você não pode reclamar por eu arrancar algo que não é seu. E até arrancar, é lógico que eu não vou ter arrancado, então você não vai ter motivo nenhum pra reclamar porque eu ainda não vou estar fazendo nada.
-É... isso faz sentido.
-E aí, quer mijar em mim e perder o pau?
-Não, beleza, vai, deixa quieto.
-Então foi fora?
-Foi, vai.
-Tá. Agora vou te comer de porrada, então.
-Beleza.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Pus, Mancha Da Sina - Meu Sexo Duro Ri

O mundo é uma caixinha de surpresas. Nele, certas coisas acontecem que me deixam em dúvida sobre eu ter a alma encardida ou cristalina. Outro dia eu estava a trafegar pela Marginal Tietê na chuva e testemunhei um daqueles acontecimentos pastelões muito divertidos.

Parênteses: eu costumo fechar o corredor com minha moto trambolhenta e deixar os motoboys enfurecidos, buzinando feito... motoboys coléricos (eu ia fazer uma comparação caricata, mas nada buzina mais que motoboys enraivecidos). De qualquer forma, cada vez que eu vejo um motorista engarrafado sorrir, eu deixo uma fileira de babacas passar à minha frente e então prossigo, aguardando a formação de um novo comboio de tiradores de mães de zonas. Alguns não conseguem esperar o suficiente e saem costurando.

Pois bem. Outro dia eu mesmo fiquei preso por uma ambulância, mas como não ando de moto com um nabo enfiado na bunda, pude trafegar com calma a 20km/h. Meus simpáticos colegas, por outro lado, como eu já expliquei, parecem não dispor nem do meu conforto proveniente do ânus vazio de vegetais nem do mesmo temperamento calmo e pacífico que eu. Esses cornos filhos de putas pechinchentas saíram a cortar todo mundo para ganhar alguns míseros segundos. O que eu pensava pela minha cabeça é que eles faziam manobras que eu não tentaria fazer na chuva, mesmo meus pneus sendo maiores que a bunda da sua mãe e tendo sulcos ainda quase tão fundos quanto... deixa eu ver... a bunda da sua mãe. E justamente enquanto eu matutava, em uma videocassetada muito bonitinha e patética, um rapaz motoqueiro aparentemente decidiu levar sua cabeça de encontro ao chão e a moto à roda dianteira da ambulância.

É aí que começam minhas ações curiosas. Se eu disser que parei, me certifiquei de que o rapaz estava bem, falei com o menino da ambulância para que ele prosseguisse e pedi para o resto dos curiosos mexerem as motos em vez de ficarem parados na rua atravancando o trânsito, talvez pensem que eu sou um cidadão exemplar. E, se a gente considerar os fatos somente, sou, mesmo. Se a gente considerar o porquê das minhas ações, por outro lado, eu acho que sou só um louco. Um louco mesquinho.

Explico: eu parei por dois motivos: primeiro porque tinha um veículo e um cara em frangalhos no meu caminho. E porque a porra da ambulância parou e o paramédico deve ter sido treinado só para olhar firmemente gente machucada, já que não moveu uma palha. Então eu fui até lá para dar um jeito no meu problema, calcei minha melhor voz hipócrita e disse "vai embora, cara, vocês são importantes". Acho que o cara me olharia de modo menos esquisito se eu já tivesse conseguido parar de rir do fato de um cara ter sido atropelado por uma ambulância. É irônico demais e eu estava ainda muitíssimo ocupado em decidir rotular aquele acontecimento como azar, já que é virar um acidentado justamente por causa de um veículo feito para auxiliar acidentados, ou sorte, já que, se eu tivesse que ser atropelado por qualquer coisa, escolheria uma ambulância, por motivos óbvios, quando o cara levantou, meio troncho, e eu vi que ele tinha bigode.

Muita gente não vai entender, mas eu tenho muito respeito por quem tem bigode. Quanto maior o bigode, mais eu respeito a pessoa. E se alguém disser que é um critério de respeito machista, eu preciso ressaltar que existem muitas mulheres de respeito por aí. Não que isso as torne exatamente bonitas, mas se eu respeito homens que desfilam por aí com asinhas de pêlos ou vassourinhas mágicas debaixo do nariz, que não dizer das mulheres que o fazem (o desfilar, não o bigode - se fizer o bigode, não tem bigode, aí é covarde como os outros! Covarde!)! Em termos comparativos, a Catherine Zeta-Jones com um bigode de aproximadamente três pêlos de espessura média por centímetro quadrado de pele seria o equivalente feminino ao Tom Selleck em Magnum.

Enfim, já que o cara tinha bigode, e como ele estava estranhando minhas risadas (duraram muito), eu perguntei se ele estava legal, se precisava de alguma coisa. Aproveitei para olhar a moto dele (enquanto ele tagarelava qualquer asneira que não me interessava): um negócio velho, amassado e carcomido no qual já montou muito mais gente do que se pode contar, igual à bunda da sua mãe. E agora sem o pára-lama dianteiro (o que eu espero que não quebre a onda de comparação com a bunda da sua mãe, porque bundas costumeiramente não têm pára-lamas e, se tivessem, obviamente seriam traseiros). Como ele estava bem e o bigode dele não era grande o suficiente para extrair mais gentilezas de mim, dei meia-volta e tencionava chegar à minha moto logo, mas um monte de sujos babões com nojeiras motorizadas de duas rodas estava no meu caminho, olhando para o vazio e provavelmente babando dentro daqueles capacetes fedidos. Como estavam me atrapalhando, dei uma de misto de guardinha com motivador profissional e gritei "gente, vamos liberar a rua porque a gente está travando o trânsito". Não surtiu muito efeito; foi só depois que eu consegui chegar à minha moto que eles começaram a se mexer. Para quem estava morrendo de pressa e buzinando segundos atrás foi uma atitude esquisita.

No final das contas eu ainda saí antes deles. E segundos depois eles estavam a buzinar e me infernizar com suas motocas escrotas que andam fazendo um barulho horrível e soltando mais gases poluentes que o permitido pelo Protocolo de Kyoto, novamente nos remetendo à já tão remetida bunda da sua mãe. Mas dessa vez, mesmo porque eu ainda não tinha parado de dar risada, me considerei como o motorista sorridente engarrafado e dei passagem a todos. Foi o que mais passou perto de ser uma boa ação genuína no dia, e mesmo assim eu tinha era interesse em ver um remake da queda. Se bem que não seria a mesma coisa sem a ambulância.

Espero que a bunda da sua mãe não leia o meu blog.