sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Inábil Sonho de Oz

Aquele desenho da Disney é uma baita lição de vida. O leãozinho Sinbad fica com medo do tio, o Omar, Ismar, algo assim, e sai de casa. Anda pelo mundo afora e aprende a viver em contato com um porco e uma toupeira, que é o melhor que se acha por aí. Então volta e vê que não tem mais capim por causa do tio, que tomou o lugar dele de rei. Lear - lembrei do nome. Aliás é melhor eu resumir o filme todo. Vale a pena.

Um macaco decide levantar um filhote de leão num palco. Esse filhote gosta de correr por cemitérios de mamutes rindo na cara do perigo, o que é perigoso porque hienas vêm atacá-lo. E quantas vezes em nossas vidas não nos vimos correndo felizes entre carcaças de mamutes quando fomos supreendidos por hienas? Ele foge. Uma manada estoura, então ele vira hippie e foge de casa pra ir viver na pobreza cantando com os amigos. Depois de um tempo ele acha uma garota e percebe que não vai fazer muito sucesso com ela enquanto estiver sujo, pobre e seu hobby for ficar olhando pro céu drogadão, alucinando com as nuvens. Fica com vontade de voltar pra casa e assumir o empreguinho de rei que o pai dele tinha arrumado. Só que não tem mais vagas e a nova administração do lugar acabou com os recursos da empresa. E isso é muito comum. Quantas vezes não deixamos passar uma boa oportunidade para seguir um sonho e depois vemos que nosso tio se aliou a hienas, tomou nosso reino e começa a levar nossa raça para a extinção? Aí rola um quebra pau e ele recria o ecossistema completo em alguns meses, provando que nada é impossível. E um macaco decide levantar um filhote de leão – outra lição de vida fabulosa. Quantas vezes não vemos um macaco levantar um filhote de leão num palco e percebemos que, lá atrás, já haviam feito isso? Muito bonito, muito bonito. E instrutivo.

Segue uma foto do desenho para o caso de vocês não se lembrarem:

domingo, 26 de outubro de 2008

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Sabem por que não se vende armas aos domingos? Porque também não se conserta PlayStations.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Doideira Num Velhote

“-Bom dia, doutor. Tudo bom com o senhor?

-Ah, tudo ótimo, tudo ótimo. E contigo, tudo bom?

-Naquelas, naquelas. O que é bom, porque se ficar bom demais, a gente relaxa.

-Grande verdade.

-E então, o que posso fazer pelo doutor hoje? Quer mais um saco de cinco quilos? O Rufus deve estar se empanturrando esses dias, hein?

-Pois é, rapaz, o Rufus morreu.

-Morreu?

-É.

-Coitado. Meus pêsames.

-É...

-...

-...

-E o que é que eu posso fazer pelo doutor?

-Ah, é verdade. Eu vim pedir o meu dinheiro de volta.

-Seu dinheiro de volta, doutor? Não entendi.

-Bom, eu comprei sua ração para o meu cachorro e ele morreu. Eu gostaria de ser reembolsado.

-Hã... isso é muito incomum, doutor.

-Eu não vejo nada de incomum. Meu cachorro comeu sua ração e morreu, então eu no mínimo gostaria do meu dinheiro de volta. Olhe aqui, eu trouxe o resto do pacote para o senhor.

-Deixe-me ver... parece estar dentro da validade. O cheiro está bom. Nada de errado.

-Claro que tem algo errado. Quer que eu traga o corpo do meu cachorro para provar?

-Doutor, do que o Rufus morreu?

-O veterinário disse que foi 'esmagamento craniano'. Provavelmente influenciado pelo caminhão que o atropelou.

-Ahã... ok... e desculpe incomodar, mas o doutor pode me dizer qual a relação desse evento com a ração?

-Não consigo imaginar nenhuma, na verdade.

-Então eu gostaria que o doutor me explicasse o porquê de eu dever retornar o dinheiro.

-Ora, não se faça de besta. É muito simples: por que eu compraria ração para o Rufus?

-Bom, os cachorros precisam comer.

-E por quê?

-Porque senão eles morrem, doutor.

-Isso. Eu comprei a ração para evitar que meu cachorro morresse. Não funcionou. Então eu exijo meu dinheiro de volta. E francamente, não esperava toda essa petulância por parte do senhor. Sou cliente antigo e achei que seria tratado com o mínimo de respeito.

-Certo, doutor, mas seu cachorro digeriu a comida, processou-a, fez uso dela.

-Quer que eu devolva as fezes dele também? Posso trazê-las, embora ache isso ultrajante.

-Não, meu doutor. Preste atenção, por favor: seu cachorro fez bom uso da ração. E continuaria vivo à base dela se não fosse pelo caminhão.

-Não venha querer se escorar em tecnicalidades. O senhor sabe muito bem que é sua responsabilidade moral devolver o dinheiro que eu gastei aqui em vão tentando manter meu cachorro vivo à base dos seus produtos chinfrins. E o senhor vai me devolver todo meu dinheiro ou eu vou meter processo atrás de processo nessa lojinha barata até deixá-lo sem nada, nem o que comer além desse resto de ração que estou devolvendo. E deixo-a para que o senhor a coma, seja atropelado por um caminhão e então entenda meu ponto de vista!

-Olhe, eu vou dar ao doutor o dinheiro, mas unicamente porque já estou no ponto em que ou pago ou estrangulo-o com suas próprias tripas, gritando o quão miserável e louco o senhor é.

-Pronto! Foi tão difícil? Pelo amor de deus!

-Tome esta merda de dinheiro e não dê mais as caras por aqui.

-O que é isto?

-É dinheiro, doutor. É dinheiro. Pegue e vá embora.

-Tem quarenta reais aqui.

-Qual o problema? Quer trocado? O valor exato? Não tenho, pode ficar com o troco, só vá embora.

-Meu senhor, o Rufus tinha treze anos.

-E daí?

-Treze anos sendo alimentado com ração daqui. Eu calculo que o senhor me deva cerca de seis mil reais. E isso porque sou bonzinho e não estou cobrando os juros...

E foi assim que eu vim parar aqui, meritíssimo.”

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Blasfemar o Torso

Eu vou falar sobre motos, mas se você não se interessar pelo tema talvez possa traçar algum paralelo com outro assunto qualquer.

Em primeiro lugar você tem que escolher o que você quer. Existem diversos tipos no mercado e a escolha do modelo errado pode trazer problemas. Vamos passar, uma a uma, pelos tipos e suas características:

Existem as mais belas do mundo, as esguias italianas, que são uma delícia para se montar e muito melhores ainda para se ter ao lado em uma foto ou roda de amigos. O problema é que elas costumam ser muito, muito caras de se manter. Qualquer probleminha vai te dar uma baita canseira pra reparar e, se der alguma coisa mais séria, não adianta nem tentar procurar uma assistência – já era. Melhor encostar num canto e tentar arrumar outra. Dá pra tentar ignorar os perigos e continuar montando, mas é provável que, nesse caso, ela vá embora, arrancando seu couro e te deixando quebrado no processo.

Muito parecidas são as que têm o mesmo porte das italianas mas vêm de outros lugares. Até do Japão, da coréia e daqui mesmo do Brasil. São incrivelmente semelhantes às italianas em beleza e você vai pirar nas curvas inacreditáveis. A única coisa em que perdem é que não são tão impressionantes por existirem em maior número – uma estrangeira de Milão é muito mais impressionante que uma aqui de Manaus. Ainda assim, são excelentes exemplares e quem não é muito entendido nem nota essas sutilezas. Um pouco menos caras e difíceis de se manter, mas ainda a anos-luz da realidade da maioria das pessoas do mundo.

Se por um lado essas são charmosas, impressionantes e de desempenho excelente, por outro montar nelas é muito cansativo e elas são perigosas, porque praticamente pedem pra você sentar a mão sem dó e numa dessas sua vida e sua liberdade podem ir pelo ralo. Se você quiser mais conforto, pode pegar uma dessas baixinhas e pesadas. Não parece uma boa idéia, eu sei, mas em primeiro lugar, dá pra montar nelas por horas sem ficar cansado. São muito mais econômicas, fáceis de se modificar ao seu gosto e geralmente, no caso das que têm mais de 200kg, você nem precisa cuidar da relação nem checar se ela anda bem lubrificada como seria de praxe; é pegar, fazer o que quiser e deixar encostada na garagem pra quando quiser usar mais tarde. E toda vez ela vai te servir muito bem. Outro ponto interessante é que ninguém parece querer roubá-las.

Se quiser economia extrema, no entanto, sua melhor jogada é pegar uma dessas que andam por aí aos montes e não têm nada de especial – servem pra se montar e passear, mas não é o que você apresentaria pros amigos com um sorriso no rosto (a menos que seja a sua primeira). Requerem alguma manutenção, mas você pode muito bem seguir o exemplo de uma parcela da população e usar sem dó, não dar muita atenção ao que ela pede e trocar quando estiver dando muita dor de cabeça, porque é fácil de se substituir. Aliás é provavelmente o certo a se fazer, porque como em todos os modelos, quanto melhor você tratar, mais chances tem de um marginal qualquer tomar de você.

Outro é o tipo bem feio mas muito prático, daquelas que te levam pela lama e pela buraqueira (que é o que você mais vai encontrar por aí, especialmente vivendo num país de terceiro mundo) sem reclamar. Não têm nada de impressionante em matéria de curvas – aliás são bem ruinzinhas. E também não são as mais econômicas. Acho que essas duas características explicam a baixa popularidade do modelo. O que salva é o conforto, que costuma ser grande, mas requer algum costume e a falta de preconceito com a aparência decididamente pouco formosa. Ah, e se você pegar um bom embalo, vão vibrar bastante.

O que vale para todas elas são alguns conselhos básicos: tenha cuidado quando for pegar uma usada – já vêm com vários defeitos, vícios e gambiarras que você não conhece e vai ficar um tempão arrumando. Às vezes compensa pegar uma bem antiga, porque não são muito exigentes em termos de cuidados e são fáceis de se ter. Por outro lado são difíceis de repassar e apresentam já um desgaste bastante acentuado. Não tente fazer o seu modelo beber menos que o que for natural dele, porque isso pode se reverter em problemas muito mais sérios.

É isso aí. Você já sabe de tudo que precisa pra adquirir a sua. Eu só acrescentaria que tem muita gente prática, que pega e já fica pensando no repasse, e tem muita gente mais romântica que pega pra casar, mesmo, sem se importar com quanto dinheiro vai pelo ralo. No fim das contas de ambas as formas perde-se bastante grana. Só compensa ser prático se você gostar de variedade e não quiser ter os típicos problemas que vêm naturalmente com o tempo.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

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Nunca confie no que os seus próprios pensamentos dizem a você. Lembre-se de que seu interlocutor é um cara chamado "mente".

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Bávaro Escusado

Estava eu tranqüilamente (é, se quiserem derrubar o trema vão ter que passar por cima do meu cadáver, seus porcos) voltando do mercado onde comprei uma "especialidade láctea" "sabor cheddar" "barata" de gosto repugnante quando encontrei um rapaz muito interessante.

Correndo exasperadamente pela faixa de pedestres, cabo de vassoura em punho, uma ponta próxima ao olho e outra apontada em direção aos carros. Eu imaginei que se tratasse de um rifle, e imagino que ele estivesse pensando a mesma coisa. Jorrava alguma sabedoria ininteligível enquanto ajustava a mira.

Eu estava bastante contente por encontrar alguém simpático e curioso até ele inverter longitudinalmente a posição da arma e começar a brandí-la como um taco de beisebol. Eu imaginei que ele fosse louco, então, porque qualquer idiota sabe que é extremamente perigoso agitar dessa forma um rifle. Mas, pensando bem, eu nem sei se estava carregado - talvez ele estivesse só pregando uma peça em todo mundo. Super sapeca.

De qualquer forma, ele me lembrou de alguns amigos que eu tinha feito pela região e que não vejo há muito tempo. O Bob, por exemplo. Vive por aqui, cada hora num canto; costuma bradar a plenos pulmões que aquele que não sabe o nome dele merece morrer, que Minas Gerais tinha uma quantidade número X de alqueires (que costuma variar um bocado de semana a semana) e mais qualquer coisa que venha à mente dele.

Eu me lembro do Batman, que habitava um ponto de ônibus da região. Todo dia quando eu ia de ônibus para a faculdade era pego de surpresa por uma figura que saía das trevas, enrolada em uma capa escura, e repentinamente a abria em um gesto imponente. Acompanhando esse gesto vinha um aroma muito peculiar - o que acontecia era que ele gostava muito de comer arroz e era daquele tipo que apronta uma batelada para a semana toda. Muita gente faz isso, mas geralmente são pessoas que moram em casas e possuem refrigeradores, sem os quais elas não seriam muito diferentes do Batman. Eu tenho quase certeza, aliás, de que conhecia a identidade secreta dele. Um rapaz que passou pelo ponto e falou um pouco comigo sobre estar precisando de trabalho, não ter lugar pra morar, ser pintor de interiores... Em que momento os pais dele foram assassinados pelo Jack Nicholson eu não sei, mas algum tempo depois o cavaleiro das trevas estava espalhando seu arroz podre pelas calçadas de Gotham.

Outra figura curiosa que eu só vi uma vez na região foi um sociólogo italiano que quase foi atropelado por cinco veículos, o meu incluso, em um período de segundos. Logo após a subida de um morro íngreme, você era pego de surpresa pela presença do pesquisador, que por sua vez parecia estar sendo pego de surpresa pela presença de uma lata, e provavelmente tenha ficado ali se surpreendendo com ela por mais meia hora depois que eu fui embora. Eu e meu amigo pensamos se tratar de um bêbado, mas ele não estava a beber da lata, estava a estudá-la com bastante parcimônia. Daí concluímos ser um sociólogo italiano conduzindo um experimento e, não tendo encontrado nenhuma falha nesta teoria, aceitamo-la.

E tinha também o louco da direção. Gente boa, tinha o carro mais ecológico do mundo, composto por um volante, um painel e algumas alavancas. Costumava andar pelas ruas, parar aos semáforos vermelhos, dar seta, pedir passagem, pegar aquela estradinha gostosa no final de semana rumo a Bertioga. Certa feita parou atrás do carro da minha ilustre progenitora e, revoltado pela imobilidade constante do veículo que obstruía seu caminho, aplicou-lhe uma volantada no vidro. Em defesa de mamãe, ela não podia mexer o carro pois estava estacionada em local permitido. Foi quando comecei a achar que esse meu amigo não andava lá essas coisas. Recentemente até conheci outros conhecidos dele e até aprendi seu nome, mas infelizmente minha memória não é lá essas coisas.

Por outro lado, se já conheci algumas boas figuras, fiquei de conhecer outras tantas. O cara do carro amarelo, por exemplo, que ficava na Paulista com seu Farus e seu cachorro empalhado, eu nunca vi. E agora que meu veículo foi estraçalhado é bem pouco provável que eu vá sucedê-lo. Uma pena, porque meu nome seria bem aliterável, teria boa força de mercado. Eu me tornaria o "velho do veículo vinho".

Gosto dos meus amigos. Devia comandar uma grande reunião, mas não sei se daria certo. Quer dizer... eu sei que a maioria deles iria, desde que eu conseguisse uma salsicha e uma cordinha, mas não tenho a certeza de que eles se dariam bem. Pra começar, O Sociólogo Italiano já tem nome de vilão, eu vou ter o Batman, que provavelmente vai querer tirar um racha de Batmóvel com o louco da direção, quando vão atropelar o Bob. Uau. Só visualizo merda acontecendo. Acho que eu estava meio pinel ao pensar em juntá-los todos.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Conversando Com Doois

Ao redor do caixão reforçado os parentes choravam e reclamavam sobre o quanto a vida é injusta e quão rapidamente ela acaba. Irônico, porque o conteúdo do caixão, Astolfinho, 225, havia sofrido um infarto fulminante aos trinta e dois anos, enquanto saboreava o terceiro leitão à pururuca do dia, e às portas da morte, ponderou sobre o quanto os leitões são injustos e quão rapidamente eles acabam.

Astolfinho chegou ao PURGATÓRIO – DIVIRTA-SE e lá ficou por muito tempo, papeando com Nietzsche e eventualmente sujando os cantinhos da sala, até ficar maluco de fome e começar a papear com os cantinhos e sujar Nietzsche, ganhando seu ingresso para o céu.

Sentou-se ao lado de um velho barbudo com cara de sábio e ficou lá parado. pensando em um lombo ao molho de laranjas. Isso durou algum tempo, até o velho quebrar o silêncio:

-E aí?

-Opa.

-Certo?

-Beleza.

Transcorreu uma quantidade de tempo bastante grande até o silêncio ser quebrado de novo. Segundo Astolfinho, tempo suficiente para preparar uma porção de bolinhos de bacalhau. E contando desde a pesca do peixe. O silêncio foi quebrado de novo:

-Aqui é o céu.

-É?

-É.

Mais um pato à califórnia de silêncio.

-E eu sou Deus.

-Legal.

Três costelas na brasa. Deus ficando impaciente.

-E aí, não vai falar nada?

-Olha, Deus, eu primeiro fiquei quieto por estar nervoso, depois eu imaginei que você não quisesse que eu ficasse te perturbando com falatório.

-Hum...

Deus pareceu pensativo por cerca de uma salada Waldorf e então disse:

-Então... você vai pro inferno.

-Hein?

-É, vai pro inferno. Daqui a pouco.

-Por quê, Deus?

-Capricho.

-Capricho? Eu nunca li Capricho.

-Não, panaca. Capricho meu. Você quebrou minha regra maior.

-Mas eu nunca roubei! Nunca matei! Nem cobicei a mulher do próximo!

-E daí? Desde que não seja eu o roubado, o morto ou o próximo, por que eu me importaria?

-Ué. E seus dez mandamentos, Senhor?

-Eu não escrevi aquilo, não. Pessoal adora ficar colocando meu nome nas coisas. Em 2132 tem e-mails circulando com meu nome, é um inferno. Quer dizer... não um inferno. Não como aquele para onde você vai. Usei como força de expressão.

Isso deixou Astolfinho mais nervoso:

-E por que eu vou para o inferno então, Deus? Porque cometi os sete pecados capitais?

-Filhote, se você quiser comer um cavalo inteiro, fazer sexo com um pedaço de um cavalo ou ter uma centena de cavalos, problema seu.

-Peraí, Deus. Quer dizer que você não se importa com nada? Nem se eu convocar demônios dos quintos dos infernos? Então não entendi. Por que vou ser punido?

-Bom, eu me importo, sim. E fiz questão de deixar bem claro que só uma coisa me deixa puto. E vocês sempre me ignoraram.

-Não entendo, senhor. O que é tão proibido?

-Manja Adão e Eva? Que eu expulsei do paraíso? Porra, capítulo um!

-Sim, senhor. Mas eu nunca confiei em nenhuma cobra! Nunca traí nenhuma ordem do Senhor – pelo menos não uma que me tivesse sido passada pessoalmente.

-Você comeu maçãs. Não pode comer maçãs.

-Maçãs? É isso? Porra, Deus, todo mundo come maçãs! Acho que não dá pra achar quem não tenha comido uma ou duas maçãs na vida.

-AAAAAAAARGH! PAREM DE COMER MINHAS MAÇÃS!

Assim, mais rápido que um Miojo, Deus, em sua raiva divina, babando feito um São Bernardo hidrofóbico que acabou de abocanhar um punhado de Cebion, esmurrou um botão e lá foi Astolfinho queimar no fogo do inferno como um suculento pedaço de cupim.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

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Eu acredito em duas coisas: que há uma luz no centro do universo irradiando paz e harmonia. E que a gente está fora de alcance.