quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Eu Ainda Sob Cu

Eu ainda busco um jeito de tratar os idiotas com eficiência. Quando era menor, tendia a ser pouco tolerante com eles e punha-me a tentar curá-los. Depois que notei serem muitos e muito teimosos, passei a tratá-los como crianças - bastava deixá-los brincando na caixinha de areia e ignorá-los em tudo que fizessem (não era exatamente assim que eu tratava crianças, mas não podia sair por aí surrando idiotas porque, diferindo dos fedelhinhos, eles vêm em todos os tamanhos e sempre em grandes números). Quando pensava estar livre da intervenção dos babacas, porém, um dos pestinhas dava um jeito de jogar areia em meus olhos e eu virava algo como o Van Damme no final de O Grande Dragão Branco.

Importante explicar que eu tenho perfeita noção de que sou um idiota. Acabei de mencionar um filme do Van Damme. Strike 1. Tenho um blog. 2. E a primeira sentença deste texto era "estou com o saco cheio de idiotas", o que me fez lembrar do filme Idiocracia e contemplar rituais auto-gratificantes como solução do problema. 3, certo? Alem disso, parece logico pque, se eu olho para o mundo e vejo uns cinco bilhoes de idiotas, os cinco bilhoes do mundo olham para mim e vêem um idiota. Simples reciprocidade. E eu ficaria muito infeliz se fosse diferente, porque quando idiotas admiram alguém, geralmente trata-se de um integrante da categoria.

Acho que a única diferença é que eu não sou um idiota sindicalizado. Não gosto nada do sindicato. Talvez porque um sindicato geralmente seja feito para dar representatividade a uma patota, sendo uma entidade que busca a força grupal para lidar com indivíduos (ou bandos) contra os quais um só dos integrantes não teria chances. E o grande problema é que, como so existem idiotas, nosso sindicato é feito para fazer frente a nada. E como é regido por idiotas, acaba fazendo frente a eles mesmos. E compreensível, ja que nao há mais nada a se peitar além de nós mesmos.

Um exemplo da funcionalidade do nosso sindicato ocorreu quando um idiota comeu um saquinho de amendoins e passou mal. Foi socorrido (sacanagem) e obrigaram um outro idiota, o produtor de amedoins, a deixar recomendado por escrito o não-consumo da embalagem que os continha. Se alguém chegou a considerar que gente que lê geralmente não come papel, não se manifestou. Mais um exemplo, já citado por outro idiota aparentemente não-sindicalizado, é o do menino que tomou umas drogas e pensou poder voar. Pulou da janela e morreu. O sindicato agiu em prol da proibição da substância, ignorando o fato de vários outros menos idiotas não terem pulado pela janela. Para não dizerem que eu sou um hippie drogado, o mesmo exemplo cabe a Duke Nukem e o atirador do cinema. (Rápida dúvida: nerd é pior ou melhor que hippie drogado, em termos de status?) Pode-se ver exemplos da atuação do sindicato em todos os lugares, desde faixas amarelas nas estações de metrô (trem vindo pelo trilho! dã!) à procedência de processos pessoais bizarros.

Vai ver eu sou só um romântico incurável por acreditar que a idiotice deva ser manifestada até a exaustão. Vai ver eu sou um delinqüente por achar que o mundo é um viveiro de idiotas num círculo vicioso, com os idiotas de primeira geração, os que a gente costuma ver por aí e já connhece bem, criando a necessidade da existência de idiotas de segunda geração, os que são igualmente idiotas e ainda metem o bedelho na idiotice dos outros. Isso vai desde o tio intrometido que fica te dizendo o que fazer com os seus vinte peixes ao governante que pega oito dos seus peixes, come três, te diz o que fazer com sete e enfia sua vara de pescar no seu rabo. Na realidade acho que sou um desses idiotas reclamões.

Bom, tanto faz. Vou sair pra pescar e rezar para pegar lambaris em vez de carpas.

Um comentário:

Unknown disse...

os judeus comem carpas.