sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Sanar o Pau Vosso

Duas crianças brincando com um cachorro. Rolam na lama. Jogam tomates uma na outra. E depois correm para casa.

-Ah, não, crianças, - diz a mãe - vocês sujaram todas as roupas novas, ô.

Uma mulher vestida de azul, com uma embalagem de sabão em pó na mão, se aproxima:

-Essas manchas são difícies de tirar, mas com o novo... - sua frase é abruptamente interrompida por uma cratera craniana que começa a verter sangue nas roupas dos meninos.

O pai, com uma arma em punho, se aproxima correndo e abraça as crianças:

- Está tudo bem? Eu vi essa mulher estranha invadindo a casa e se aproximando de vocês, com alguma coisa na mão, e atirei.

-Obrigada por nos proteger, meu bem. Ela morreu com bastante rapidez, não?

-Sim, sim, a Remington .44 é muito precisa e bastante forte. Alem disso é robusta e fácil de manter.

-Uau. Parece tudo de que nós precisamos para garantir que nossas crianças continuem se divertindo sem preocupações.

Corta para a narração:

-Remington .44. Protegendo sua família .06 mais vezes que um revólver comum.

Cena final do pai entregando a arma ao filho e dizendo:

-Agora, meu pequeno caubói, segura aqui um pouquinho que o papai precisa trabalhar.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Ferrets Get Hit

Bob adorava paquerar no supermercado. Especialmente em filas. O segredo era deixar a fila andar um pouco, chegar junto à vítima bem perto do caixa, para que ela ficasse relutante em abandonar a posição privilegiada em que se encontrava apenas para evitá-lo.

- Oi.
- Oi.
- Eu vi que você está comprando ovos.
- É...
- Isso é um problema.
- Colesterol, né?
- Não, não. É que eu não posso basear uma cantada de duplo sentido em ovos. Seria nojenta.
- Realmente...
- Você não quer comprar um chocolate desses aqui, não? Aí eu posso...
- O que? Dizer que eu sou uma doçura?
- Depende. Você é meio branquela demais pra eu cantar Marrom Bombom, então eu teria que pensar em alguma coisa.
- A gente não pode pular umas partes, não? Essa parte da cantada é um tédio. Muito repetitivo.
- Concordo. Quer pular pra que parte? Eu moro a cinco quarteirões daqui...
- Não, não. A gente pula essa parte também.
- A gente pula o fim?
- Não é o fim. É mais uma etapa do meu processo de julgamento.
- Bom... verdade.
- Então diz aí: quão bom de cama você é?
- Quão bom de cama? Poxa, difícil dizer assim, na bucha.
- Não é, não. Desembucha aí.
- Bom... eu não vou dizer que são ótimo, não sou tão arrogante...
- Ponto positivo, já. Viu só?
- Nem vou dizer que sou ruim, não tenho problemas de auto-estima...
- Muito bom. O que mais?
- Bom... aí eu teria que entrar nos específicos, e tem crianças aqui.
- Elas vão aprender um dia.
- Eu sei, quero que as crianças se lixem. Mas o pai daquele ali, o cara grandão que está olhando feio, está me convencendo a ficar quieto.
- Bom, se quiser ficar quieto, fique.
- Não, não. Eu posso fazer isso. Veja bem... eu não sou o Ryu.
- Hein?
- Eu não sou aquele cara que todo mundo escolhe logo de cara, eu não sou o principal.
- Você não é quem?
- Ryu. Também não sou o Ken, que é a mesma coisa só que mais apresentável. Na verdade talvez eu seja menos.
- Ken? Ken da Barbie?
- Não, Street Fighter. Eu não sei soltar magia, sabe?
- Magia?
- Não, não. Tõ querendo dizer que meu negócio é mais voadora e rasteira, voadora e rasteira.
- Hein? Você é doido?
- É. Dá pra te levar a nocaute, mas mais no básico.
- Eu vou embora daqui. Você é um nerd louco.
- Também não sou tão habilidoso com as mãos quanto o E. Honda. E muito menos com os pés, tipo a Chun Li. Não berro feito o Blanka, meus membros não são tão grandes quanto os do Dhalsim... Acho que também não sou o Zangief.
- Senhor, são 27,95.
- Lógico que eu sou um pouco peludo e meio desajeitado, e até tendo a dar uns bons agarrões, mas nenhum especial. Não sou muito de agarrar por trás. Pilão giratório, então, seria um desastre.
- Senhor?
- Então vai ver eu sou o Guile. Só sobrou o Guile. Ele não é o favorito da galera, tem lá seus golpes especiais, embora ninguém saiba direito o nome deles...
- Senhor, o senhor vai comprar ou não? Tem mais gente na fila...
- Cala a boca, moleque, senão eu te passo um facão! Deixa eu ver onde eu estava... Eu não gostaria de ser interpretado pelo Van Damme, mas até aí eu acho que o Guile também não gostou. Deixa eu ver... eu pego mulher no esquema de jogar um negócio e agarrar quando ela tentar se defender. Ou então chego perto e dou soco fraco, chute fraco, rasteira fraca, soco forte e jogo o negocinho. Rola um Faltality? Dá pra rolar um Fatality! Eu pego a mulher e jogo ela nos espetos. Ou arranco a cabeça dela! Hahaha! É, eu arranquei a cabeça dela, agora! Eu arranquei o crânio dela com a espinha! Hahahaha!

Bob demorou um pouco pra se livrar das confissões públicas de estupro e assassinato, mas depois de algum aconselhamento psiquiátrico ele está sendo solto amanhã. E pediu pra eu postar isto aqui pra ver se alguma de vocês se interessa por ele. Pediu também para eu acrescentar que ele não liga se alguma de vocês o pegar tonto, depois de três cervejas ou socos fortes seguidos.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Loopy Titans

Estava eu aqui com meus piolhos metafóricos pensando em como nós pagaríamos infinitamente mais barato pelos nossos produtos se não fosse, por exemplo, uma família Colgate nos sorrindo por trinta segundos a cada cinco minutos. Ou uma vagabunda anoréxica escalando uma pilha de maçãs (nada contra vagabundas anoréxicas - eu comeria a maioria, veja bem -, meu problema é com a pilha de maçãs). Vai uma puta verba nisso tudo e o resultado final é que o produto encarece além do necessário. Pode-se usar o argumento de que a propaganda é necessária para nos mostrar a qualidade do produto. Por uma questão de economia, eu vou usar os mesmos exemplos de antes: cinco pessoas rindo com seus dentes brancos não me fazem crer que um determinado dentifrício tem alguma qualidade especial. Especialmente quando são da mesma família, porque aí eu posso deduzir que seus dentes brilhantes são meramente resultado de uma carga genética mais afortunada. Uma mulher escalando uma pilha de maçãs não me faz nem pensar que ela deva cheirar bem. Escalada é um esforço físico tremendo, ela deve feder mais. Acho que é por isso que ela pega o perfuminho. De qualquer jeito, nenhum idiota percebeu que é babaca anunciar água cheirosa num meio audiovisual? Bom, acho que não. Nem os idiotas que vendem nem os idiotas que compram por causa dessa mesma propaganda. Vai ver eu estou por fora.

Ou não. Uns amigões meus (chineses, majoritariamente) descobriram exatamente isso: que propaganda é burra mas funciona (aliás, estranhamente, funciona melhor quando é especialmente burra) e que os custos são chatos, ruins, bobos e feios. Então eles tiveram a brlhante idéia de usarem para eles a publicidade dos outros, colocando na praça produtos com nomes semelhantes aos já conceituados. E eles podem vender para você por um preço substancialmente menor porque não pagam por coisas supérfluas como gente que se vende à ditadura da beleza aparecendo em minutos caríssimos dos déspotas magnatas midiáticos. Nem por controle de qualidade. Então eu posso parar a minha crítica social momentaneamente para glorificar os produtos mais legais que eu já vi (ou dos quais eu já ouvi falar):

Tênis Smike: Ok, meu primeiro contato com um desses foi quando eu fui comprar meu tênis Broonks. Ele era bastante interessante por dois motivos: era tão confortável para os pés quanto uma impressora jato de tinta e exibia um símbolo igualzinho ao da Adidas. Enfim, durante essa visita, eu esbarrei nessa preciosidade. Todo mundo deve conhecer o tênis Mike, já, que é famoso. Mas esse ganha seis pontos extras por ser duplamente sacana, plagiando o plágio. Notem o esperto uso do S em "Smike", que somado ao S de "tênis", é quase ausente. Brilhante!

Relógio Cifizen: Muito bom, não? A substituição do "T" pelo "F" é brilhante, porque na fonte utilizada nos relógios, especificamente, essas letras minúsculas são muito parecidas. É o mesmo princípio de quando eu usava um "I" maiúsculo em vez de um "L" minúsculo em alguns nomes de usuário para me divertir com meus coleguinhas em variantes diversas de HAHAHA DISREGARD THAT, I SUCK COCKS".

HiPhone: Previsível, mas ainda assim divertido. Tem as mesmas funções e um bônus engraçado - vem com Windows Mobile.

Polystation: O rei do bacalhau em termos de branding videogamístico. Dispensa introduções, mas eu vou fazer uma mesmo assim: é igual a um Playstation, mas quando você abre, surpresa - tem um espaço para fitas de Nintendinho! Recentemente foi lançado o Polystation 3, completo com a fonte dos filmes recentes do Homem-Aranha. Uma imagem vale mais que mil palavras, então este vídeo de sete minutos e trinta e sete segundos, se tiver os tradicionais vinte e nove frames por segundo, vai valer mais que 13.253.000 palavras. Considerando o preço médio e a quantidade de palavras de um Houaiss... ah, foda-se. Olha o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=_a6lxiB1b_I

MVK Halley: É uma moto. É. Uma Halley! Como em "ei, gata, eu tenho uma Halley". Todo mundo sabe que isso já vale uma trepadinha. Mas aí vem o choque: não é uma Harley Davidson de quarenta mil reais, é uma MVK de oito mil! "Que baita negócio", voce pensa. "Um desconto de trinta e dois mil reais". Mas nem tudo são flores. Pra começar, a Harley teia mais de mil cilindradas contra as 200cc da MVK. Em segundo lugar, as Harley são sabidamente umas porcarias de motos. O óleo costuma vazar em alguns modelos, o motor é jurássico, ineficiente, amoto é excessivamente pesada... mas tudo bem. A MVK tem problemas um pouco diferentes: as peças caem, racham, enferrujam e vibram. Pode-se debater à vontade sobre qual é melhor, mas eu imagino que o óleo vazar um pouco pelo cárter é preferível ao cárter vazar pela moto. Acho que um nome pelhor para essa moto seria Halley Mili. Aí você poderia dizer com mais propriedade "ei, gata, quer dar uma volta na minha Halley Mili duzentas cilindradas?", o que vale, no mínimo, duas trepadinhas. A razão disso é que mulheres são burras (ou seja: não entendem sobe Pas/motociclos) além de vagabundas (ou seja: mulheres), então quanto mais informações você der sobre suas posses, mesmo que ela não seja capaz de entender nada, mais ela vai se empolgar e mais afinco vai ser colocado no boquetinho. Uma palavra como "cilindradas" já é muito confusa para uma mulher. Mas se tem mil e duzentos desses trecos, deve ser do caralho, cujo do proprietário ela passa a querer.

sábado, 3 de janeiro de 2009

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É mais lógico confiar nos mentirosos que nos sinceros. Afinal o mentiroso que pode ser identificado não é o que deve ser temido.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Adagiar Ser Mijar Zelo

- Então, escuta só: "o primeiro foi seu pai / o segundo, um rei mago / o terceiro foi aquele a quem..."
- Pára, pára. Você não pode pronunciar "rei magu".
- Claro que posso. Pra rimar.
- Bicho, não dá. É escroto. Pronuncia-se "mago".
- Tá, eu posso rimar com "rabo".
- Não, não pode. Não rima. Vai ficar um lixo.
- Tá, tá.... então que tal "o primeiro foi seu pai / o segundo, o tio Caju / o terceiro..."
- Ah, não! Tio Caju? Caju sendo o nome de uma pessoa?
- Pode ser apelido.
- Ah, é. Um apelido bem comum na Bíblia, aliás. Acho que o caju nem tinha sido inventado.
- Melhora se eu mudar pra "tio Sagu"?
- O que é que você acha? Desiste.
- Não posso! Eu vou desmoralizar a Igreja com isso.
- Desmoralizar a igreja católica com uma musiquinha safada dessas?
- Lógico que não só com ela.
- Ah, tá.
- Vou usar também um carro de som.
- Ah, lógico. Agora sim, um plano infalível. A propósito, seus pais eram primos?
- Mais ou menos. Quando eu nasci, papai tinha 29 anos e mamãe, 23.
- Não foi isso que... tá bom. Olha, eu acho que só uma musiquinha não vai...
- Mas eu vou repetí-la ad nauseam.
- E desde quando basta a repetição de algo cretino para arrebanhar pessoas?
- Sei lá, mas é assim. Casas Bahia, Armas de Destruição em Massa, Cientologia...
- É, tem algum fundamento. Tenta "o segundo, um cara nu".