Estava eu aqui com meus piolhos metafóricos pensando em como nós pagaríamos infinitamente mais barato pelos nossos produtos se não fosse, por exemplo, uma família Colgate nos sorrindo por trinta segundos a cada cinco minutos. Ou uma vagabunda anoréxica escalando uma pilha de maçãs (nada contra vagabundas anoréxicas - eu comeria a maioria, veja bem -, meu problema é com a pilha de maçãs). Vai uma puta verba nisso tudo e o resultado final é que o produto encarece além do necessário. Pode-se usar o argumento de que a propaganda é necessária para nos mostrar a qualidade do produto. Por uma questão de economia, eu vou usar os mesmos exemplos de antes: cinco pessoas rindo com seus dentes brancos não me fazem crer que um determinado dentifrício tem alguma qualidade especial. Especialmente quando são da mesma família, porque aí eu posso deduzir que seus dentes brilhantes são meramente resultado de uma carga genética mais afortunada. Uma mulher escalando uma pilha de maçãs não me faz nem pensar que ela deva cheirar bem. Escalada é um esforço físico tremendo, ela deve feder mais. Acho que é por isso que ela pega o perfuminho. De qualquer jeito, nenhum idiota percebeu que é babaca anunciar água cheirosa num meio audiovisual? Bom, acho que não. Nem os idiotas que vendem nem os idiotas que compram por causa dessa mesma propaganda. Vai ver eu estou por fora.
Ou não. Uns amigões meus (chineses, majoritariamente) descobriram exatamente isso: que propaganda é burra mas funciona (aliás, estranhamente, funciona melhor quando é especialmente burra) e que os custos são chatos, ruins, bobos e feios. Então eles tiveram a brlhante idéia de usarem para eles a publicidade dos outros, colocando na praça produtos com nomes semelhantes aos já conceituados. E eles podem vender para você por um preço substancialmente menor porque não pagam por coisas supérfluas como gente que se vende à ditadura da beleza aparecendo em minutos caríssimos dos déspotas magnatas midiáticos. Nem por controle de qualidade. Então eu posso parar a minha crítica social momentaneamente para glorificar os produtos mais legais que eu já vi (ou dos quais eu já ouvi falar):
Tênis Smike: Ok, meu primeiro contato com um desses foi quando eu fui comprar meu tênis Broonks. Ele era bastante interessante por dois motivos: era tão confortável para os pés quanto uma impressora jato de tinta e exibia um símbolo igualzinho ao da Adidas. Enfim, durante essa visita, eu esbarrei nessa preciosidade. Todo mundo deve conhecer o tênis Mike, já, que é famoso. Mas esse ganha seis pontos extras por ser duplamente sacana, plagiando o plágio. Notem o esperto uso do S em "Smike", que somado ao S de "tênis", é quase ausente. Brilhante!
Relógio Cifizen: Muito bom, não? A substituição do "T" pelo "F" é brilhante, porque na fonte utilizada nos relógios, especificamente, essas letras minúsculas são muito parecidas. É o mesmo princípio de quando eu usava um "I" maiúsculo em vez de um "L" minúsculo em alguns nomes de usuário para me divertir com meus coleguinhas em variantes diversas de HAHAHA DISREGARD THAT, I SUCK COCKS".
HiPhone: Previsível, mas ainda assim divertido. Tem as mesmas funções e um bônus engraçado - vem com Windows Mobile.
Polystation: O rei do bacalhau em termos de branding videogamístico. Dispensa introduções, mas eu vou fazer uma mesmo assim: é igual a um Playstation, mas quando você abre, surpresa - tem um espaço para fitas de Nintendinho! Recentemente foi lançado o Polystation 3, completo com a fonte dos filmes recentes do Homem-Aranha. Uma imagem vale mais que mil palavras, então este vídeo de sete minutos e trinta e sete segundos, se tiver os tradicionais vinte e nove frames por segundo, vai valer mais que 13.253.000 palavras. Considerando o preço médio e a quantidade de palavras de um Houaiss... ah, foda-se. Olha o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=_a6lxiB1b_I
MVK Halley: É uma moto. É. Uma Halley! Como em "ei, gata, eu tenho uma Halley". Todo mundo sabe que isso já vale uma trepadinha. Mas aí vem o choque: não é uma Harley Davidson de quarenta mil reais, é uma MVK de oito mil! "Que baita negócio", voce pensa. "Um desconto de trinta e dois mil reais". Mas nem tudo são flores. Pra começar, a Harley teia mais de mil cilindradas contra as 200cc da MVK. Em segundo lugar, as Harley são sabidamente umas porcarias de motos. O óleo costuma vazar em alguns modelos, o motor é jurássico, ineficiente, amoto é excessivamente pesada... mas tudo bem. A MVK tem problemas um pouco diferentes: as peças caem, racham, enferrujam e vibram. Pode-se debater à vontade sobre qual é melhor, mas eu imagino que o óleo vazar um pouco pelo cárter é preferível ao cárter vazar pela moto. Acho que um nome pelhor para essa moto seria Halley Mili. Aí você poderia dizer com mais propriedade "ei, gata, quer dar uma volta na minha Halley Mili duzentas cilindradas?", o que vale, no mínimo, duas trepadinhas. A razão disso é que mulheres são burras (ou seja: não entendem sobe Pas/motociclos) além de vagabundas (ou seja: mulheres), então quanto mais informações você der sobre suas posses, mesmo que ela não seja capaz de entender nada, mais ela vai se empolgar e mais afinco vai ser colocado no boquetinho. Uma palavra como "cilindradas" já é muito confusa para uma mulher. Mas se tem mil e duzentos desses trecos, deve ser do caralho, cujo do proprietário ela passa a querer.
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