Bob adorava paquerar no supermercado. Especialmente em filas. O segredo era deixar a fila andar um pouco, chegar junto à vítima bem perto do caixa, para que ela ficasse relutante em abandonar a posição privilegiada em que se encontrava apenas para evitá-lo.
- Oi.
- Oi.
- Eu vi que você está comprando ovos.
- É...
- Isso é um problema.
- Colesterol, né?
- Não, não. É que eu não posso basear uma cantada de duplo sentido em ovos. Seria nojenta.
- Realmente...
- Você não quer comprar um chocolate desses aqui, não? Aí eu posso...
- O que? Dizer que eu sou uma doçura?
- Depende. Você é meio branquela demais pra eu cantar Marrom Bombom, então eu teria que pensar em alguma coisa.
- A gente não pode pular umas partes, não? Essa parte da cantada é um tédio. Muito repetitivo.
- Concordo. Quer pular pra que parte? Eu moro a cinco quarteirões daqui...
- Não, não. A gente pula essa parte também.
- A gente pula o fim?
- Não é o fim. É mais uma etapa do meu processo de julgamento.
- Bom... verdade.
- Então diz aí: quão bom de cama você é?
- Quão bom de cama? Poxa, difícil dizer assim, na bucha.
- Não é, não. Desembucha aí.
- Bom... eu não vou dizer que são ótimo, não sou tão arrogante...
- Ponto positivo, já. Viu só?
- Nem vou dizer que sou ruim, não tenho problemas de auto-estima...
- Muito bom. O que mais?
- Bom... aí eu teria que entrar nos específicos, e tem crianças aqui.
- Elas vão aprender um dia.
- Eu sei, quero que as crianças se lixem. Mas o pai daquele ali, o cara grandão que está olhando feio, está me convencendo a ficar quieto.
- Bom, se quiser ficar quieto, fique.
- Não, não. Eu posso fazer isso. Veja bem... eu não sou o Ryu.
- Hein?
- Eu não sou aquele cara que todo mundo escolhe logo de cara, eu não sou o principal.
- Você não é quem?
- Ryu. Também não sou o Ken, que é a mesma coisa só que mais apresentável. Na verdade talvez eu seja menos.
- Ken? Ken da Barbie?
- Não, Street Fighter. Eu não sei soltar magia, sabe?
- Magia?
- Não, não. Tõ querendo dizer que meu negócio é mais voadora e rasteira, voadora e rasteira.
- Hein? Você é doido?
- É. Dá pra te levar a nocaute, mas mais no básico.
- Eu vou embora daqui. Você é um nerd louco.
- Também não sou tão habilidoso com as mãos quanto o E. Honda. E muito menos com os pés, tipo a Chun Li. Não berro feito o Blanka, meus membros não são tão grandes quanto os do Dhalsim... Acho que também não sou o Zangief.
- Senhor, são 27,95.
- Lógico que eu sou um pouco peludo e meio desajeitado, e até tendo a dar uns bons agarrões, mas nenhum especial. Não sou muito de agarrar por trás. Pilão giratório, então, seria um desastre.
- Senhor?
- Então vai ver eu sou o Guile. Só sobrou o Guile. Ele não é o favorito da galera, tem lá seus golpes especiais, embora ninguém saiba direito o nome deles...
- Senhor, o senhor vai comprar ou não? Tem mais gente na fila...
- Cala a boca, moleque, senão eu te passo um facão! Deixa eu ver onde eu estava... Eu não gostaria de ser interpretado pelo Van Damme, mas até aí eu acho que o Guile também não gostou. Deixa eu ver... eu pego mulher no esquema de jogar um negócio e agarrar quando ela tentar se defender. Ou então chego perto e dou soco fraco, chute fraco, rasteira fraca, soco forte e jogo o negocinho. Rola um Faltality? Dá pra rolar um Fatality! Eu pego a mulher e jogo ela nos espetos. Ou arranco a cabeça dela! Hahaha! É, eu arranquei a cabeça dela, agora! Eu arranquei o crânio dela com a espinha! Hahahaha!
Bob demorou um pouco pra se livrar das confissões públicas de estupro e assassinato, mas depois de algum aconselhamento psiquiátrico ele está sendo solto amanhã. E pediu pra eu postar isto aqui pra ver se alguma de vocês se interessa por ele. Pediu também para eu acrescentar que ele não liga se alguma de vocês o pegar tonto, depois de três cervejas ou socos fortes seguidos.
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3 comentários:
Seria um flawless victory se não fossem o "Faltality".
É, mas fiquei entre isso e uma alusão ao jogo Street Fighter: The Movie. Aí seria "You Lose".
Que mulher sem noçao é essa que não sabe quem é Ryu????
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