O processo de adoção é algo bastante curioso. Vem uma pessoa qualquer à sua casa para julgar se você tem um "bom ambiente", um "lar estável" e realiza uma entrevista a fim de ver se você está apto(a)* a cuidar de uma criança (pelo menos pelo que eu vejo nos filmes da TV, minha fonte de pesquisa). Isso é de horrorizar profundamente os mais igualitários dentre nós, porque esses prováveis filhos de putas cocainadas já chegam à vida com pais criteriosamente selecionados. Você pode até imaginar que talvez seja um tipo de justiça kármica transgeracional, ou seja: a genitora do fetinho hemoptizado se estrepou e por isso o subproduto do caminho até essa estrepice sai pra vida já com uma certa vantagem. Mas, pensando bem, é um tipo de hegemonia matriarcal deeneática da estirpe em questão, afinal mamãe passou a vida cheirando e metendo - e ainda era paga pra isso. Então ela cospe uns bebês, sai do melhor emprego do mundo para entrar para a história ou encaçapa a prole num cesto de lixo e esse bebê já sai com um pé à frente dos outros. Se for uma mulher, então, talvez siga pelo rumo que os genes sugerem, especialmente após descobrir, em plena adolescência, que é adotada, formando um círculo vicioso. É injusto, veja bem. Um modo de amenizar essa diferenciação seria restringir o questionário pré-adotivo a duas questões: "você é fértil?" e "você é atraente ou, pelo menos, não repulsivo, possui uma quantidade significativa de dinheiro e/ou freqüenta lugares onde se consome álcool?", que são as mesmas para as quais a natureza exige respostas afirmativas. Ainda assim, para ser um processo realmente justo, digno de comunas, a criança deveria ser adotada por pais escolhidos aleatoriamente, não por quem se voluntaria pedindo por uma criança. Porque também é injusto que a maquininha de cagar fazendo a transição da guarda estatal para uma guarda privada obtenha seguramente desta segunda o desejo de um relacionamento - afinal não é assim na natureza e eu apresento como prova dessa afirmação a existência de crianças para adoção. E o carnaval.
*Ok, apta. Porque convenhamos que homens só querem adotar menininhas de quinze anos ou mais (e não muito mais).
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