quarta-feira, 5 de maio de 2010

Hospice Inventor

Com iPhones, iPads, MacBooks e o Apple II, a Apple tem estado na moda. E, como meu blog anda sempre na estica, é hora de acompanhar a massa e analisar os produtos da moda por meio de comparativos. Chega a ser até bem fácil; é só escolher dois produtos, chupinhar o formato de um comparativo já pronto e semelhante e preenchê-lo com minhas opiniões aleatórias, como fazem estudantes e juízes por todo o mundo. Tendo encontrado problemas para escolher um dos produtos da Apple para usar no comparativo, resolvi usar a linha toda. E vou comparar a outra linha inteira de outra companhia. Escolher essa segunda companhia adequadamente parecia um processo árduo e complicado de pesquisa, então eu joguei tudo pro alto e resolvi compará-la com outra empresa cujo nome é uma fruta: a Citroën. Bora (em retrospecto, talvez eu devesse ter escolhido a Volkswagen, pra isso poder ser qualificado como uma piada).

Citroen vs iPhone


Design
Aqui o páreo é duro. Ambas as linhas de produtos esbanjam linhas belas e atuais. Mas a vantagem tem que ser da Apple por conta de ela vender, basicamente, computadores de todos os tipos de formatos e a Citroën vender carros que, embora todos agradáveis à vista, sempre se parecem com carros. O iPad, por exemplo, é um tipo de notebook bem diferente. Você não tem teclado, não tem portas USB, não tem drive de DVD, não tem suporte a Flash nem privilégios de administrador do sistema. Mas tem touchscreen e é leve. Funcionalmente é estranhíssimo e até revoltante, mas em termos de design, dá uma aparência limpa, cristalina. Isso só pode ser igualado pela Citroën quando ela fizer um carro sem volante, câmbio ou retrovisores, mas com um pára-brisa de LCD. Então ponto pra Apple.

Cobertura
Em termos de cobertura, temos que falar do brasil e das concessionárias mais que do próprio produto. Como elas são obrigatoriamente diferentes, no entanto, a comparação fica válida. O iPad não têm como trocar informação fisicamente, então necessita de conexão constante para não virar, basicamente, um gameboy. Já o iPhone precisa de uma operadora pra não ser só um i. Da mesma forma, os Citroën também precisam de ruas. E, numa média, eu teria que dizer que eles estão no mesmo nível, mas de modos diferentes. Com os produtos Apple, você tem cobertura em muitos lugares e sua conexão vai ser bastante boa. Saindo do eixo São Paulo-Rio de Janeiro isso vai piorando um pouco e, em diversas cidades, você pode ter conexão bastante ruim ou nenhuma. Em regiões mais afastadas e desertas, seu aparelho não vai te servir de nenhuma valia e não tem nada que você possa fazer a respeito. A Citroën, por outro lado, usa uma rede asfáltica que já está bastante integrada a quase todos os centros urbanos do baís, por menores que sejam. Quase toda cidade tem alguma rota de acesso, embora o nível de cobertura também descresça quando nos afastamos do eixo Rio-SP. A diferença crucial é que nesse eixo e em suas imediações, os produtos da Citroën tendem a usar sempre uma rede meio ruim, com buracos, lombadas etc. Isso só muda em rodovias pedagiadas, onde o produto pode realmente brilhar. Por outro lado, sem essa rede de asfalto, o produto ainda funciona com todas as suas funções, embora a uns 20% ou 10% de sua capacidade, enquanto a Apple, como já mencionado, perde quase toda sua funcionalidade. Daí a média igual, mas alcançada de modos bem diferentes.

Manutenção
Aqui a coisa é bem diferente. A Citroën prevê manutenções regulares e permite que você mesmo inspecione e regule os veículos. Já a Apple tem um produto que pode muito bem ser livre de manutenção e funcionar perfeitamente. Por outro lado, em caso de necessidade, você não tem nem como abrir o iPad, por exemplo. Nem como instalar programas no iPhone que não sejam aprovados pela Apple, enquanto você pode trocar rodas, escapamento e outros periféricos do seu C3 à vontade. É possível até mexer no próprio motor, deixando-o mais ao seu gosto, embora o original já seja muito bem acertado. Os produtos Apple também são bons, mas perdem o ponto que ganhariam pela ausência de manutenção por não permitirem nem a mais básica customização do sistema e, na realidade, perseguirem e reverterem as alterações de quem consegue furar a vigilância. Imagine se o povo da Citroën chegasse na sua casa, arrancasse os tapetes novos das meninas superpoderosas que você colocou no seu carro e recolocassem o original. É isso que a Apple faz. Ainda assim a Citroën não pode levar a vantagem porque, a meu ver, é uma troca. A Apple é horrivelmente invasiva, mas ninguém tem que trocar o óleo do iPad a cada 10Gb baixados. Então um empate bem desigual para as duas aqui, de novo.

Portabilidade
Aqui a diferença é mais gritante. Por um lado, a Apple faz produtos bastante compactos. O iPhone pesa pouco mais de 130g e, enquanto não cabe confortavelmente no bolso de uma calça jeans mais justa, pode ser levado em casacos e bolsas, sem problemas, enquanto o menor produto da Citroën tem quase quatro metros de comprimento e pesa mais de uma tonelada, não cabendo nem em uma mochila de camping. Mas, como tudo no mundo é uma troca, o espaço interno dele é muito bom, e eu não consegui, de jeito nenhum, entrar em nenhum dos produtos da Apple. Isso revela uma falha enorme em termos de ergonomia. Além disso, enquanto os carros da Citroën não cabem em mochilas para serem levados, eles comportam até diversas mochilas cheias e as levam para os lugares. O iPad comportou apenas uma pequena carteira dentro dele, e depois se recusou a funcionar. Isso me faz querer voltar e dar o ponto de manutenção à Citroën. Então dois pontos pra ela.

Desempenho
Fiz um pequeno teste: com um iPhone e um C4, fui avisar ao Paulão que sua mulher o estava a cornear. Então esperei que ela fosse embora e comecei a contar o tempo que levaria para transmitir a informação com cada um dos aparelhos. Com o iPhone eu levei apenas alguns segundos para passar a mensagem, mais alguns minutos para ouvir os xingamentos. Com o C4, eu levei cerca de quarenta minutos só para chegar à casa do Paulão. Na volta, pelo mesmo trajeto, apavorado pelos tiros, levei apenas quinze minutos, o que revela uma performance inconstante do dispositivo. De novo, a vantagem da Citroën é uma maior independência da rede. Eu ando com vontade de comer a Patrícia, mas o marido dela não tem telefone, então o iPhone passa a ser somente mais um objeto para eu jogar nele em autodefesa. E, num cenário de colisão destrutiva, o Citroën seria infinitamente mais eficiente, provando sua maior flexibilidade. Ainda assim, em condições ideais, a Apple ganha de lavada. Chega a ser ridículo. Isso é provavlemente por causa do motor do Citroën só alcançar cerca de 7000rpm enqaunto o processador do iPhone roda a 620MHz. A única vantagem da Citroën seria o suporte a flash - largamente ausente da Apple -, por meio de um rápido toque no lampejador de farol alto. Mas, a esse ponto, é asas num submarino.

Custo
Esse é outro ponto horrivelmente positivo para a Apple. Mesmo o mais barato C3 custa muito mais que qualquer produto isolado da Apple. Some a isso impostos, combustível e custo de manutenção e você veria que só um completo estúpido escolheria um Citroën em vez de um MacBook. Sinceramente a Citroën precisa rever esse conceito, porque atualmente, assim, eu não acredito que eles ainda estejam vendendo alguma coisa.

Considerações finais
É óbvio que a Apple, por mais orwelliana que seja, representa o futuro, enquanto a Citroën está nos empurrando tecnologia ultrapassada. O computador - e o telefone celular - veio a surgir muito depois do veículo automotor, e nem teria sido criado e difundidose não fosse obviamente superior. O que salva a Citroën é a liberdade para customização e a maior portabilidade, mas esses fatores não importam tanto se o produto é tão inferior e ultrapassado em todos os outros aspectos, incluindo o preço.

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