segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O Nome Da Rosaa

Recentemente estive limpando minha caixa de e-mails e encontrei algumas pérolas antigas. Entre a costumeira cascata de vídeos pornográficos e mensagens de calúnica, difamação e chantagem, eu acabei passando por uma velharia ainda muito atual, sobretudo com o advento do Twitter. Para proteger o colega redator deste jumbo de erros de digitação, excesso de vírgulas e reticências e falta de divisão paragráfica, vou atribuir a ele um psudônimo - vamos chamá-lo somente de "o Mono da Seara" e ler a porcaria que ele escreveu enquanto confundia pontos de interrogação com aspas (o que convenientemente me livra do trabalho de ter que adaptar aspas duplas para aspas simples):

"Esse post é uma realização de MYB Productions na Fornications LTDA.

Há muito tempo atrás, no longínquo ano de 1964 era instituído o golpe
militar. A partir daí o que vimos foi um governo autoritário e completa
aniquilação da liberdade de expressão. Sem a possibilidade de se dizer o
que pensava, vimos crescer, aflorar e desabrochar um grande, ou não tão
grande assim, número de pessoas dispostas a dizer o que pensavam, mesmo que
para isso tivessem que utilizar toda a sua técnica verborrágica para que
seu modo de pensar não fosse automaticamente detectado pelos censuradores.
Vemos nesse momento artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto
Gil, Tom Zé, Belchior, e outros que se esforçaram para não deixar de
mostrar sua indignação em relação ao regime autoritário, mas ao mesmo tempo
tentavam impedir que suas canções fossem proibidas. Músicas muito intensas,
muito bem feitas, com uma crítica aguda e voraz ao movimento militar eram
tidas como hinos da juventude, demonstravam a indignação dos jovens, dos
alunos da USP que invadiram o prédio do crusp, na mesma época em que TUPÃ,
o mestre, começava a trabalhar e cursar a faculdade. Essas músicas falam
sem falar. O que quero dizer é que era possível entender o sentido obscuro
por trás daquelas palavras e sons, mas não era explícito e por isso a
censura não podia impedi-los-los. Era uma juventude cheia de idéias novas,
de vontade de fazer algo diferente e disposta a mudar a realidade que
viviam. A ditadura tentava impedi-los de demonstrar suas idéias, mas eles
lutavam contra isso. Numa época em que ninguém podia falar nada, eles eram
os que mais falavam. Ao contrário de Roberto Carlos que falava sobre uma
festa de arromba com seu amigo, de ele subindo a augusta com seu carro, as
pessoas que citamos mais acima falavam da repressão, da morte e do
silêncio.. Da vida, das novidades, de idéias, de sonhos.... falavam de
coisas próprias, coisas gerais, ideais deles, compartilhados com
todos...... numa época em que ninguém podia falar, mas eles falavam, se
arriscavam e falavam..... mas muitos continuavam falando de suas festinhas
e de seus carros....o tempo passou.... a ditadura se tornou insustentável,
mas as coisas ainda eram difíceis para os músicos nos anos 80.... a censura
ainda proibia Raul Seixas de gravar algumas músicas, como o ¿rock das
aranhas¿, por julgá-la imoral.. Até o RPM foi censurado por causa de
¿alvorada voraz¿, que falava de escândalos do governo..... ao mesmo tempo,
Ovelha gravava uma música americana em português, wando cantava ¿você é
luz¿, e outros cantores bregas se acumulavam nas rádios e prateleiras, ao
lado do eterno TED, ODAYR YPSILON JOSÉ... Mas ainda havia um ódio, uma
revolta junto aos jovens que se amontoavam em shows de bandas como Capital
Inicial, IRA!, Barão Vermelho, Legião Urbana. Renato Russo escrevia
¿geração coca-cola¿, ¿que país é esse¿, músicas que demonstravam que os
jovens não estavam satisfeitos... que queriam mudanças, que precisavam de
mudanças.... Mas ao mesmo tempo Fábio Júnior cantava ¿caça e caçador¿,
Roupa Nova cantava ¿Dona¿, Dominó cantava ¿P da vida¿.... Sempre existiram
dois pólos na música nessas épocas, os que não estavam nem aí e os que se
preocupavam em tentar mudar alguma coisa, por menor que fosse. Não digo que
os que não estavam nem aí estivessem errados, a presença deles é muito
útil, não devemos esquecer que músicas românticas, bregas, todas são
válidas e úteis, todas tem um motivo pra existir, elas divertem as pessoas,
mas as músicas de protestos são importantíssimas, representam uma parcela
descontente da população... Hoje há menos problemas do que na época da
ditadura? Certamente há um problema a menos, a dtadura. Mas o resto está
perfeito??? Maravilhoso??? Será que apenas Gabriel o pensador ainda quer
fazer uma música que se revolta contra alguma coisa que acontece? Não sou
fã dele, mas ele é o único que ainda se revolta e tenta mostrar isso em
suas músicas.. mesmo que no meio entre algo com ¿lora burra¿, uma estupidez
incrível deste compositor..... mas o que é chato é ver que o tão amado e
respeitado Renato Russo (esclareço que ele é amado por milhares de pessoas,
nas quais eu não me incluo, porém o respeito por ser um grande compositor),
um compositor muito bom, de uma capacidade léxica incrível, que consegue
expor de forma sutil suas idéias, tenha deixado de escrever suas canções
críticas, e tenha passado a contar casos de amor homossexual em suas
músicas. O mesmo que ocorreu com Cazuza, outro grande compositor que podia
ter demonstrado ainda mais sua indignação em usas músicas, mas preferiu
cantar o que que ¿faz parte de meu show¿. Ok, respeito suas vontades, mas é
triste ver tamanha capacidade desperdiçada. Deixa isso pro Fábio Júnior.
Mas o que acontece é que ao ter a liberdade de expressão tão desejada, as
pessoas deixam de se expressar. Por que na ditadura, onde ninguém podia
falar, as pessoas falavam, e agora que podemos cantar tudo, preferimos
dizer que ¿um tapinha não dói¿, dizer que não sei ¿o que fazer quando um
querer só faz chorar, só faz sofrer um coração¿, ou até contar que ¿ toda
vez que eu chego em casa a barata da vizinha tá na minha cama¿, Claro que
essas músicas têm que existir, mas apenas essas têm que existir?? Uma
música criticando o sistema de ensino é inútil? Uma música criticando o
sistema de saúde, as balas perdidas, a guerra do tráfico, o vandalismo, as
drogas, a polícia corrupta, será que tudo isso deve ficar restrito aos
grupos de rap da periferia??? não há como fazer uma música como era feita
por Chico Buarque, melodiosa, harmoniosa, bem escrita, revoltada e
significativa?? Sim, há. Mas ninguém faz. No momento em que temos a maior
oportunidade de falar, nos calamos.. quando nos deixam falar, nos
calamos.... como se agora não fizesse sentido falar, pois podemos
falar...... é como um criança que só quer colocar o dedo na tomada porque a
mãe disse pra ela não fazer, mas se a mãe permitisse que ela colocasse, ela
não iria colocar.... é uma atitude ridícula de todos os lados, pois sabemos
que isso ocorre também porque as gravadoras não querem esse tipo de música,
pois essas músicas não vendem... e sabemos que essas músicas não vendem
porque as gravadoras não querem, pois se conseguem vender até cd do
Tiririca, conseguiriam vender qualquer coisa... mas minha crítica até aqui
foi apenas uma introdução ¿aquilo que falei lá em cima... (aliás, o djavan
tem uma capacidade incrível para fazer letras de música, por que será que
ele não para um dia e ao invés de falar de aprender japonês em braile, ele
não faz uma música criticando o sistema de ensino pra deficientes
auditivos??) Bem, hoje temos uma capacidade de divulgar informação enorme,
temos um cardume de formas de divulgarmos o que queremos, seja pela
internet seja pelo rádio, pela tv, qualquer lugar... mas a internet é um
modo bem peculiar. Um computador, uma linha telefônica, coisas a que grande
parte das pessoas tem acesso. Seja em casa, trabalho, cyber café, escola...
Um pulso... é o que se paga por qualquer tempo de utilização do telefone no
domingo.... com o Itelefônica, que te dá 15% de desconto, você paga 85% de
1 pulso. Pra colocar qualquer tipo de informação.... Eu olho e vejo um
blog.... é grátis, você coloca o blog de graça, gratuitamente, é grátis e
além de tudo você não paga nada para colocar esse blog, que não te custa
nada e que não é necessário pagar para utilizá-lo, além de não ter custos.
Um blog, que pode ser acessado por milhares de pessoas, que pode ser
mostrado pra milhares de pessoas. Isso e a liberdade de expressão com a
qual sonharam tantos de nossos ícones da música, do cinema, da tv.... é o
espaço perfeito pra podermos falar o que pensamos, como pensamos, pra
discutirmos idéias, teorias, pra conversarmos, pra compararmos nossas
idéias e ¿sodoestearmos*¿ nossos passos, de acordo com as anãlises que
fizermos do que foi dito.... é um espaço onde podmeos colocar até uma
crítica completa sobre a obra do esforçado Marx, tendo como base a teoria
durkheimiana e por trás disso, Malthus.... pode.... pode colocar o que
quiser, e muitas pessoas podem ler, gostar, odiar, pode gerar polêmica,
pode gerar um grupo de amigos/colegas, pode gerar ¿discução¿ e consequente
caos, que levará a um crescimento mental, cultural e intelectual enorme,
pode gerar uma discussão como o post de Urion sobre matrix gerou, uma
discussão aberta, cheia de opiniões divergentes, com respeito às opiniões
existentes, uma discussão que fez as pessoas que leram e participaram se
sentirem melhores, aprenderem mais, sobretudo.. uma discussão.....
O blog é um espaço perfeito pra isso, mas o que eu vejo normalmente?? Vejo
a estupidez de blogs que escancaram uma vida monótona, inútil e brega pra
pessoas que tem ainda menos pra fazer do que aquele que está escrevendo.
Vejo blogs onde há mensagens sem nenhum sentido de pessoas em estado
psicológico lastimável, e que quer ¿compartilhar¿ sua tristeza com os
outros ao invés de tentar resolver seu problema. Blogs de louvação a
namoradas de pessoas que mal sabemos quem são, que contam detalhes
altamente dispensáveis da vida sexual de desconhecidos, blogs com mensagens
do tipo ¿ hoje estou com sono... vou dormir...¿ ; hoje é segunda.. me dá
muita preguiça na segunda feira... acho que é porque vem depois do
domingo.... vc já notou que o dia de domingo, no plural vira o nome de um
homem?? DOMINGOS.... interessante né??¿.. blogs, blogs e mais blogs, espaço
cultural livre utilizado da forma mais ridícula possível, da forma mais sem
sentido... não quero saber se o dono do blog tem sono, gosta de pizza,
gosta de verde, amarelo, roxo, azul, magenta, cinza escuro e palios
verdes..... não me interessa, não interessa pra ninguém pois não sabemos
nem quem ele é...... não interessa nem pra mãe dele...Isso é uma coisa
ridícula.. é como se tivéssemos a possibilidade de sermos Chicos Buarques e
Zecas Baleyros, mas preferíssemos ser Mcs Serginhos, Wanessas Camargos e
KLBs....... Nós temos a possibilidade de disseminar cultura, de adquirir
cultura, de colaborar com discussões, de aprender a discutir, a defender
ideias, a protestar.. mas o que fazemos?? Escrevemos que a ex namorada está
ligando pra nossa casa... escrevemos que fomos num restaurante com a
namorada...e ainda colcamos embaixo.... eu amo minha namorada..... e
colocamos isso piscando e um detalhe... mas ela comeu muita pizza
ontem....FODA-SE, FODA-SE FODA-SE...... vamos usar o espaço que temos pra
fazer algo de útil, de interessante, de importante, pra nós, pros otros,
vamos fazer posts engraçados, que chamem a atenção, vamos discutir teorias
novas, vamos pensar em idéias revolucionárias, se é que elas existem, vamos
fazer algo decente e parar de fazer posts ridículos sobre detalhes
impertinentes de nossa própria vida, que não dizem respeito e não
interessam a ninguém..... vamos viver para o mundo e parar de olharmos para
o nosso próprios umbigo... ter um blog pessoal, um diário na internet e
achar que isso é interessante para os outros é julgar que somos as pessoas
mais importantes do universo, que há muitas pessoas querendo ler se eu
escovei os dentes hoje.... Mas não é.. Paremos de ser egoístas e pensemos
que podemos fazer um blog juntos, todos, grandes discussões..... vamos
fazer um blog pra ser comentado, pra ser lido, pra ter idéias novas, pra
ser sincero, pra ser real, pra ser nosso, pra ser geral e não egoísta, pra
ser cultural e não inútil, pra ser interessante e não pra ser fofoca de
gente que nem famosa é.... se é pra saber da vida de alguém que eu não
conheço, eu compro a ¿contigo¿...... Eu quero informação nova, eu quero um
blog Belchior e não um blog Art Popular... eu qeuro ter essa liberdade de
expressão pra expressar alguma coisa e parar com essa coisa ridícula e
infantil de escrevermos como foi nosso dia achando que outros querem
saber...... Por isso , a MYB Productions está lançando o MAB ¿ Movimento
anti-babaquice. Cujo slogan é ¿Blog é cultura. Diário que é diário é
segredo absoluto¿. Esse slogan representa a verdade que é: num diário
escrevemos coisas íntimas que não contaríamos para ninguém. Pergunte a
qualquer mulher que já teve um. Elas escrevem até como foi a primeira vez
delas, com cada namorado.... isso é coisa que não se coloca no blog, mas
então não é um diário, é uma fabriquinha de emoções forçadas e forjadas,
para enganar/ludibriar/sacanear os idiotas que lêem achando que estão
descobrindo coisas sobre outras pessoas. Qualquer um auqi consegue fazer
pelo menos 3 tipos de blogs diferentes, e colocar mensagens todos os dias
criando his´torias diferentes.. pode-se tentar com
1- o maníaco depressivo que perdeu a namorada e os amigos e quer se matar
2- o namorado apaixonado que coloca o nome de sua namorada no post de 3 a 4
vezes e se declara em todos os posts
3- a menininha confusa que não sabe se deve ficar com 7 pessoas por noite,
se deve transar com o namorado, se deve se masturbar, se deve ser lésbica,
se odeia a mãe ou se odeia a irmã, se é patty e vai ao shopping, se é pobre
e quer ir e não pode.

Por isso lanço o movimento, que acho que causará discussão, controvérsias,
brigas, ódio e caos, mas levará ao crescimento....
MAB- (não é Maria Aparecida Baccega) mas é MAB ¿ Movimento Anti-Babaquice!
Não ao Blog diário..... Blog é cultura, Diário que é diário é segredo
absoluto!
Obrigado, MYB productions
É importante saber quem é quem nessa panela."

Vale dizer que hoje esse singelo rapaz hoje trabalha pros capetas chupadores de bolas do status quo e que a última vez que ensaiou brincar de Chico Buarque faz já uns bons anos. Mas se hoje ele é brando na poesia eu espero que seja negro demais no coração e um dia largue tudo pra virar um tipo de panfletário maluco de praça pública ou metralhe uma sala de cinema em que esteja passando Juno ou filme similar.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

De Posições Curiosas

Eu me toquei (haha) do fato de não trazer, há algum tempo, postagens de caráter puramente informativo e/ou elucidador. Embora, verdade, eu tenha aqui exposto várias práticas humanas, geralmente são coisas rotineiras, como etiqueta, trânsito, bonecas infláveis. É basicamente como ficar numa praia, de plantão, berrando “olha o mar, pessoal! Olha o mar!”. As diferenças são só duas: com o número mensal de visitas a este blog, o grito está mais para o sussurro de um tímido com amigdalite, e eu gosto de pensar que estou adicionando “ele tem peixes, corais, plânctons...”, muito embora o complemento esteja, na realidade mais para “e é meio molhado”. De qualquer forma, eu quase nunca investigo as práticas menos conhecidas das pessoas. Que é o que eu queria fazer hoje. E, como eu digo às garçonetes que me atendem em restaurantes finos: para começar, que tal sexo? Que é o que eu queria fazer hoje.

A saber: esta listagem está ordenada dos hábitos mais brandos ou comuns aos mais sórdidos e impopulares. Eu espero que exista essa correlação, por tudo que é mais sagrado. Alguns dos nomes estão em inglês, outros em japonês. Eu não tenho culpa se o povo daqui é muito certinho (ou não dá nomes divertidos para as práticas realizadas, o que deve ser o caso mais provável). O que pôde ser traduzido sem nenhuma perda de significado foi.

Soggy Biscuit - Algo como “biscoito molhadinho”. Como eu mencionei, estou começando das mais comuns, então isso é aquilo que você já fez (ou ainda faz, se tem de onze a quarenta e sete anos) com os colegas num domingo entediante: vocês se juntam ao redor de um biscoito ou bolinho e batem uma (cada um). Quem chegar primeiro sai da roda. Quem chegar por último come o biscoito ou bolinho. Eu não consigo imaginar coisa de sucesso pior, especialmente porque homens se masturbando em volta de um Bono não chega a ser uma cena considerada excitante. Menos ainda se for o vocalista do U2 em vez do biscoito. O prospecto de talvez chegar a ter que comer o produto da brincadeira também não parece pura lascívia. Volte duas sentenças, depois continue desta. Sei não, pra mim o resultado prático da brincadeira seria um monte de marmanjos esfregando seus pintos murchos. Boa sorte pra dormir hoje à noite, aliás, com essa imagem mental. Se você realmente não quiser ficar com ela, continue lendo porque certamente as piores, a seguir, cuidarão de suplantá-la. E, aliás, falando em pintos murchos,

Turkey Slap - Essa é a famosa “surra de pau mole”. Geralmente é reservada àquelas mulheres confiantes que se acham tesudíssimas. A vingança mais doce que se pode exercer em uma dessas (ALTAMENTE DISCUTÍVEL) é surrá-la com um pênis flácido, mostrando total desinteresse sexual, hostilidade tremenda e uma péssima compreensão da teoria de artes marciais que separa “armas viáveis” de “pontos vulneráveis”. Mas, deve ser dito, nem sempre o genital masculino precisa estar flácido. Exemplos um e dois. Imagens altamente desagradáveis, meus amores, estejam avisados.

Bukkake - Mais ou menos a mesma coisa que o biscoitinho, só que nesse caso, o biscoito é uma mulher. Eu não sei se isso chega a ser mais ou menos nojento. Por um lado, mesmo que seja uma mulher altamente degradada, pelo menos agora tem uma mulher na parada. Por outro, para a mulher não deve ser bom. Se bem que também não deve ter sido bom para o biscoitinho. É confuso. Vamos deixar assim: se a mulher em questão tiver mais gordura trans que o Passatempo, aí é sem dúvida bem mais nojento.

Eletroestimulação erótica - Choque elétrico. No cu. No pinto. Na xana. Sério.

Dirty Sanchez - Pare de ler caso ainda não tenha jantado. Ou, melhor ainda, eu vou usar eufemismos: imagine um trem entrando num túnel. Que é estreito, apertado e cheio de... hã... carvão. Depois o trem sai e a montanha se vira para que ele entre pelo outro lado do túnel. Como é apertado e o trem está todo sujo de carvão por causa de suas incursões do outro lado, parte desse carvão fica depositado ao redor da entrada, formando algo como um bigode na montanha. Sujo. Tipo o que mexicanos usam. Daí “Dirty Sanchez”. Adorável, não?

Donkey Punch - Tem um desenho. Olhe bem. O que vem à sua cabeça, além de “parece justo” ou "essa mulher devia depilar as axilas"? Para dar crédito ao sacana, tem uma teoria em volta dessa prática. A idéia é que, dando um belo de um soco na nuca no ser que está depositado à sua virilha, você vai tensionar seus músculos de forma espasmódica, aumentando o prazer da relação. Sei não. Eu já tomei uns socos (não desse jeito!) e nunca tive espasmos por conta deles. Além disso, se você é o tipo de pessoa que curte uns sopapos eu não sugeriria fazer sexo, mas tomar aulas de boxe ou gritar “eu adoro Nx Zero!” num baile funk.

Angry Dragon - Esse é mais curioso que nojento. E um pouco mais cruel que o anterior, também, porque não tem nenhuma desculpa que prometa tornar o ato prazeiroso para o/a receptor(a). Funciona assim: você se oferece como microfone até personificar a fonte do Ibirapuera. Quando o indivíduo de aparente péssimo filtro sexual para parceiros, cheio de boa vontade, receber seu presentinho, você pluga a garganta dele com seu instrumento ou soca-lhe a boa e velha porrada na nuca. O resultado vai ser o mesmo: tosse e um tanto de coisas que faziam parte de você até alguns momentos atrás sendo expelido via nasal. Isso é como bigodes de dragão chinês ou labaredas de dragões ocidentais. Explicado o “Dragon”, você pode facilmente deduzir de onde vem a parte do “Angry”, não pode?

Romantismo - ???

sábado, 8 de agosto de 2009

Sai! Mim Gênio!

Eu mencionei há pouco tempo aqui as love dolls japonesas. Eu vou pular completamente a parte em que eu discorreria sobre o quão complexa deve ser a mente do indivíduo que pensa "sabe de uma coisa? É mais fácil eu fazer minha própria mulher que ir à boate catar umas biscates", pular os cálculos demonstrativos de como seria mais barato se manter à base de prostíbulos (o que eu ainda não comprovei matematicamente, mas que deve seguir a linha do cálculo de gastos anuais com carro próprio versus táxi), e ir diretamente à nossa dose diária de misoginia.

Eu fiquei aqui matutando se existiria algum desses para as mulheres (não por interesse pessoal, eu espero). Eu duvido. Em primeiro lugar porque o Japão é dono de uma das culturas mais estranhamente misóginas, machistas e.. bom, simplesmente bizarras do mundo. Para que isso não seja marcado com o clássico [citation needed] da Wikipedia, eu vou referenciar estupro de menininhas ginasiais por tentáculos gigantes. O Japão é ridiculamente doente. Isso é pra lá de cientificamente comprovado. O que é um empecilho para a produção da versão feminina a menos que ela seja em formato de polvo, venha com uma câmera que automaticamente faça upload para o youtube e só seja vendida em tamanhos insalubres.

Outra dificuldade é que se o sr. Mitsubishi, lá, for à reunião de desenvolvimento de produtos e pedir algo que enlouqueça as mulheres, que as vicie, que as seduza, que as faça gemer, gritar, que seja uma fonte inesgotável de prazer, que até as machuque, que as deixe com as pernas bambas e que seja irresistível, ele poderia sair com um produto bem diferente de um homem artificial. Na verdade, pela descrição, seria algo assim.

Ou talvez fosse alguma coisa mais sofisticada. Algo em que a Skynet deveria ter pensado. Por que fazer vários robôs com a cara do Schwarzenegger? Sério? Não funciona. Você mata um monte de gente, mas os mamíferos cretinos restantes se põem a trepar loucamente e todo seu trabalho tem que ser refeito ad infinitum. O negócio é atacar justamente aí, na habilidade de reproduzir. Se a Skynet desenhasse uma máquina de satisfazer mulheres que funcionasse tão bem quanto ou melhor que os homens, a humanidade seria extinta em poucos anos e sem desperdiçar tantos recursos. E, francamente, não é tão complicado assim, vá. É só pegar um caixa eletrônico e adaptar um vibrador. Pronto, tá desfeita a humanidade. E não só por parte das mulheres. Porque até para aquela fração dos homens para a qual a parte do vibrador pode até ser meio chata, rola uma graninha depois, então tudo bem.

As mulheres não deveriam ficar muito ofendidas com o que eu escrevi. Até porque o que eu estou dizendo é, de um certo ponto de vista, que é muito fácil superar um homem como companheiro. E eu sei que isso pode variar um bocado de espécime para espécime, mas no geral a verdade é que nós somos uns merdas. E eu poderia argumentar isso de várias maneiras, mas, quando possível, prefiro usar somente o Homem-Aranha. E aí? Aquela idéia do caixa eletrônico com vibrador está parecendo cada vez mais interessante, não?

(A propósito, alguns dos links contidos aqui são bastante perturbadores. Eu espero que você comece lendo textos de baixo para cima para que este aviso tenha efeito.)

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ê, Charadista, Vai Uma Seta?

Uma história de romance, degradação, redenção, crime e críticas político-sociais que dá um pau na de qualquer filminho europeu. É, poucas coisas são tão emocionantes quanto uma tabela de cliparts aleatórios, se você souber lê-los.


Esta é a história de uma vaca que freqüentemente se punha de quatro para toda sorte de negões orgásticos. Isso até ela encontrar um guru (isso é um guru, certo?) no filme do Rei Leão - quer dizer, Rei Peixe, para não infringirmos direitos autorais -, quando passou a dedicar sua vida ao ciclismo ecológico. Percebeu que era palhaçada quando, anos depois, lembrou-se do quanto gostava de pintos tentando entrar em seus ovos. Quis voltar à vida de farra, mas sua breve vida de hippie a tinha deixado um dragão. Então ela recorria ao álcool para seduzir cartomantes albinos e outras sortes de homens. Numa noite sombria, um malfeitor que tinha torcicolo, hérnia, problema no joelho e uma mão entalada num pote a eletrocutou com um taser para desfrutar de sua aranha à força. Uma boa idéia, mas ele foi preso e os palhaços do sistema legal fixaram sua fiança em euros. Transcorrido tudo isso, nossa vagabunda viu um programa de pesca e, em suas memórias, voltou à sua infância, lembrando-se do Rei Peixe, de um tempo mais simples e inocente. Passeou feliz pela cidade, pelo caminho cheirando as rosas, as uvas e o padeiro português que masturbava seus clientes. Encontrou enfim um cavalheiro muito bem apessoado em posse de uma pizza e resolveu se oferecer a ele de corpo e alma. Tomou um karate na testa pra deixar de ser besta e se lembrar que era já uma velha porca, frouxa e gasta pela vida, como as que eu tenho na minha moto. Então, numa clara rejeição à cultura consumerista estado-unidense, tomou como seu novo gospel o filme Jamaica Abaixo de Zero e envelheceu sozinha nas montanhas, esquiando com um único pé.

domingo, 2 de agosto de 2009

Eu Que o Pus Doido, Ventre Fervente! Quê?

Breve introdução: eu sempre imaginei que acabaria por plagiar alguém no decorrer da história deste blog. Nunca imaginei que seria eu mesmo o plagiado. Mas ocorre que eu me apossei dos conteúdos de um HD antigo e encontrei em meio às minhas porcarias, não surpreendentemente, uma porcaria. Em forma de texto. Uma história verídica de viagens, emoções, carros velozes, reviravoltas mas, infelizmente por falta de orçamento, sem mulheres gostosíssimas de biquíni, o que acaba com as chances da minha ligeira epopéia virar um filme do Michael Bay. De qualquer forma, vai o texto abaixo sobre a Super Máquina do mal, o carro que me levou a usar motos, o carro que Satã criou num dia em que estava sem noção. A propósito, o texto já não é muito bom e como está bem desatualizado, sendo de uns bons quatro anos atrás, eu resolvi torná-lo visualmente mais atraentre com algumas ilustrações. Aí vai:

Pode Vir Quente Que Eu Estou Fervendo

Eu tenho uma linha de pensamento bastante romântica no que tange a veículos automotivos. Acredito que ele deva poluir pouco e retratar seu usuário com alguma precisão. Isso está cada vez mais raro hoje em dia, com todos esses Gols e Palios andando pelas ruas, todos iguais, quase indistingüíveis. Mesmo carros mais caros, portanto mais raros, quando avistados, têm enormes chances de estarem perto de uma ou duas duplicatas.

Não que eu seja defensor ferrenho de carros "tunados", super potentes, preparados para rachas, cheios de porcarias como aerofólios gigantes, saias, luzes de neon, pinturas psicodélicas. Não para meu uso, pelo menos, porque devo dizer que um carro desses só me agrada por dizer muito sobre seu dono - uma besta que pegou um carro adequado e cagou nele todo.

Veículo tunado

Pois bem. Eu possuía um Siena cinza. Em nada especial, a não ser pelo aerofólio preto na parte traseira. E pelo câmbio de seis marchas pouco esperto. O que acontecia era ser a sexta marcha tão forte quanto qualquer quinta. E a primeira tão forte quanto qualquer primeira. Então tudo que eu fazia era ter que mudar mais marchas no mesmo espaço de tempo sem nenhuma vantagem. Ah, e eu preciso mencionar os amassados, ralados e descascados. Com o passar dos anos esse carro foi sofrendo alguns acidentes de percurso. Três carros, estando um deles imóvel no momento da colisão, e três pilastras, todas elas imóveis, apesar de alguns depoimentos meus.

É claro que eu nunca consertei um arranhão sequer. O martelinho de ouro é pura hipocrisia automotiva. Ostente suas cicatrizes de batalha com orgulho! Você sobreviveu ao trânsito! Assuma que você é braço-duro! E economize uns trocados. Não que isso importe; o relevante mesmo é o negócio de honra, ideologia e essas palhaçadas todas.

Some-se a isso o fato de o ponteiro de temperatura ter um misto de epilepsia com parkinson, sendo completamente maluco e ineficaz, e você tem um carro bacana, involuntariamente personalizado, reconhecível à distância pelo reluzir do ferro retorcido enferrujado. Eu gostava desse carro. Mas, cansado de uma vida de maus tratos, ele resolveu fugir numa noite gélida de verão, saindo da rua Saint Hilaire para nunca mais ser visto novamente por olhos humanos. Pelo menos não inteiro, eu acho.

Descrição do comparsa do veículo na fuga. Aparentemente atende pelo nome de iStockphoto.

Resumindo uma parte muito, muito (e muito) longa, fiz o B.O. e dei entrada na papelada do seguro. E recebi o dinheiro. A seguradora demorou para pagar, mas eu tenho a impressão de que fiquei mais tempo sentado na delegacia para fazer o boletim que as três semanas transcorridas desde que saí de lá até o dinheiro cair nas minhas mãos.

Estando com a maior sensação de riqueza da minha vida, saí em busca de um veículo. Longas pesquisas depois, pretendia pegar outro Siena, mas dessa vez um com o motor mais econômico da Fiat (aliás, o motor 1.0 mais econômico do mercado - tomem nota). Longas pesquisas depois e desisti de comprar o Siena porque o que eu havia ganhado do seguro não chegava nem perto de comprar outro carro. A menos que fosse velho. Foi quando eu tive a iluminação: por que comprar um desses carrinhos modernos que parecem de brinquedo se eu posso comprar um brinquedão antigo que quase parece um carro?

Então pesquisei e reduzi minha lista de veículos até chegar aos finalistas: Del Rey, Voyage, Santana e Opala. Desses eu estava mais inclinado a comprar o Opalão. Longas pesquisas depois, ao saber que consumo médio de um Diplomata era 4km/l, eu fiquei bastante desestimulado. E chutei o pau da barraca de vez. Eu ia pegar um carro velho e gastar o resto da grana do seguro para colocá-lo de pé, então que isso fosse feito com um carro que desse gosto em ser visto de pé. Quando migrei minha mente para os foras-de-série.

O vencedor, após uma grande contenda com o Puma, foi o Miura. E, para encurtar uma longa história (e, claro, algumas longas pesquisas), comprei um Miura Targa, um carro com o qual eu me identifiquei bastante. Ambos preferimos ficar longe de injeções, temos cabeças abertas, roncamos, nos recusamos a trabalhar de manhã e temos até a mesma idade. Agora pretendo virar alcóolatra para sermos um par perfeito. Até chamamos atenção na rua do mesmo modo - posso ver as cabeças virando e pensando "não acredito que essa porcaria funcione" agora esteja eu de carro ou a pé.

Miura

Arrumei uma coisinha aqui e outra coisinha ali, rodava pela cidade já naturalmente, embora não pudesse estacionar porque estava sem travas nas portas. Como ainda estou. E porque o freio de mão não funciona. Como já não funcionava. De qualquer forma, decidi ir de São Paulo a Mogi das Cruzes com meu veículo para testar seu desempenho na estrada e para mostrá-lo a meus familiares. O que retrata bem o conceito "uma péssima idéia porcamente executada".

Primeiramente o vidraceiro responsável por instalar travas elétricas, alarme e borrachas novas de vedação decidiu começar a trabalhar quando eu cheguei para buscar o carro. Preocupado com o rodízio, já que a placa tem final 0, o que me impede de circular com meu parceiro carburado pelo centro expandido às sextas, pedi para que apenas montassem e desmontassem a porta, deixando o vidro torto, para que eu pudesse sair e não levar multas. Não, na realidade não foi o que eu pedi. Mas foi o que fizeram enquanto eu "almoçava" um "sanduíche" bastante insalubre em uma "padaria" ao lado. Nesse meio-tempo, aliás, pedi o telefone para ligar para meu bom amigo Gilberto "Ay ay ay mis tacos" Silveira Gornati para avisar que não poderia levá-lo para o interior. Fui xingado e mandei-o entuchar algumas coisas em seu ânus como é de praxe. E dali a pouco o dono do estabalecimento de vidros, borrachas e companhia ligou para se desculpar, pois alguém tinha dito a ele que eu estava muito bravo pelo serviço estar atrasado. Saí de lá às quatro, esperando estar já na Dutra às cinco.

Acontece que eu fui muito bem, esbanjando felicidade, até a Marginal Tietê. Quando fiquei ainda mais feliz porque o afogador pôde ser desligado - o carro já estava quente e não morria mais. Percebi que estava com vontade de urinar. Guarde esta informação. Radiante, fui para a pista expressa, que estava tão parada quanto a interior, e fiquei ouvindo minhas musiquinhas de boiola serem tocadas no rádio. Dali a alguns segundos notei que o carro estava com a temperatura bem elevada. Pensei "droga de trânsito, eu e meu possante temos que ficar suando entre esses caminhões porcos!". Uma luz no painel acendeu. Com o desenho de um termômetro. Rezei para ser a luz que indica quando o termômetro do carro está quebrado, o que explicaria o porquê de ele estar marcando uma temperatura tão absurdamente elevada.

O indicador de temperatura me preocupava, entre outros avisos curiosos.

Um certo desconforto na espinha e a grande nuvem que saía do capô me diziam que não era nada disso. E, mesmo que eu não entendesse nada de carros, a expressão facial de um motorista de caminhão que estava ao lado já me dizia tudo que eu precisava saber - eu estava fodido. Todos me deram passagem, mas a essa altura o carro já não obedecia meus comandos. Tive que carregá-lo para o acostamento eu mesmo, cortando três faixas da Marginal. Isso pode não parecer muito divertido, mas quando você chega à parte de terra e percebe que está patinando porque não tem mais como firmar o pé no chão para empurrar seu veículo velho e fervido... meu amigo, que coisa engraçada. Especialmente para quem vê de dentro de um carro moderno e confortável. Então puxei o freio de mão. E abri o capô. E sentei. Olhei para meus gatos, socados em uma caixa de tranporte. Pela primeira vez no dia, pensei: "meu carro antigo não fazia isso...".

Um caminhoneiro estava parado, também, porque o trânsito de produtos inflamáveis não é permitido à tarde, no horário do rush. Fiquei batendo um bom papo com ele sobre carros velhos, acidentes automobilísticos, estradas e alternativas para burlar pedágios. Duas horas depois, já às sete, pedi a ele um pouco de água. Ele não tinha, mas abriu o reservatório do caminhão e me deu um bocado da água que o caminhão utilizava para conter e proteger os produtos químicos. E, enquanto eu colocava aquela água no meu radiador, pensava em criancinhas morrendo e famílias sendo explodidas na estrada porque eu tinha consumido a água de proteção do caminhão que bateu em uma carreta que derrapou na poça d'água quente que meu carro tinha deixado na pista. O que me fez abrir um sorriso discreto e pedir mais água.

Em uma nota paralela, sempre fui contra o arremesso de lixo nas estradas. Mas foi uma garrafa usada e suja de X-tapa que me permitiu levar água do caminhão até meu radiador, então sinto que devo alguma coisa aos porcos que causam enchentes. Talvez uma bifa e um beijo.

Prossegui, então, rumo a um posto, onde completaria o nível de água e seguiria viagem - ou voltaria para casa. Não cheguei a andar cem metros e parei porque o carro estava fervendo. Repeti todo o processo de abrir o capô, sentar, olhar os gatos etc. E fiquei parado, vendo uma Pampa à minha frente, parada também. Vinte minutos depois, a Pampa ainda parada, ocorreu-me que eu poderia ajudar em alguma coisa (e pedir um celular antes que minha mãe acionasse as forças armadas). Andei até lá e vi um mecânico gordo, sujo e asqueiroso bufando no motor deles. Tanto melhor. Pedi o celular e falei brevemente com o mecânico. Ele grunhiu alguma coisa em resposta e deduzi que ele daria uma olhadinha no meu veículo a seguir.

Enquanto isso liguei para minha mãe avisando que estava parado perto do Playcenter com o carro, mas que decidiria o que fazer e resolveria de alguma forma. Agradeci à senhora da Pampa por ter-me emprestado o celular e fui com o gorducho nojento ao meu carro. Quis pedir "por favor olhe meu carro sem tocá-lo", mas achei melhor deixar o sebo daqueles dedos lingüicentos entrar nas engrenagens para auxiliar na lubrificação e evitar o desgaste das peças.

Alguns olhares depois, ele mordeu alguns fios, desencapando-os. Pensei que fosse apenas uma pausa para uma boquinha, mas ele logo colocou os fios no meu carro e ligou a ventoinha diretamente na bateria. E disse que eu podia ir embora. Perguntei quanto devia e, neste momento, minha vida mudou. Parei de crer na bondade do ser humano. O filho da puta, cretino, escroto, corno manso, porco gordurento, cuzão, resto de porra seca regada a donuts, docinho de coco bigodudo do inferno, mulherzinha da cela do Tyson, cobrou oitenta reais pela porquice. Como eu estava animado, fiz papel de trouxa. Paguei, liguei o carro e fui embora. E parei no próximo acostamento porque estava fervendo de novo. Pela terceira vez. Mas quem está contando?

Mecânico

Foi a segunda vez no dia em que pensei "meu carro antigo não fazia isso...". Tudo bem. Fiquei lá e pensei em esperar o gordo escroto passar para que ele desse outra olhadinha, dessa vez grátis, sob ameaça de eu arrancar aquele bigode com meu calcanhar. O que seria uma pena, porque eu teria que jogar um bom tênis fora. Em vez disso parou um motoqueiro, olhou o carro e disse uma frase que salvou o dia.

-Que que houve?

-[Só me faltava mesmo um curioso de merda] Está fervendo.

-Deve ser a válvula entupida.

-[Merda, curioso e metido a entendido] É a ventoinha.

-Certeza? Geralmente é válvula.

-[E se eu chutasse esse cara agora?] Já falei com um mecânico.

-E você acha que eu sou o quê? Dono de uma padaria?

-[...] ...

Depois desse diálogo interessantíssimo, ele deu uma olhada no carro, enquanto um cara com uma Fiorino estacionava com o carro fervido também. Ele havia sido atendido havia pouco tempo por esse mesmo mecânico motoqueiro. Tinha desentupido a válvula.

Ocorria que a ventoinha dele não estava funcionando, também. E, vendo os dois carros, o mecânico ia mexendo, fuçando e pedia água. Eu buscava a água. Busquei quatro galões. O que quer dizer que eu atravessei a Marginal oito vezes. Com galões d'água. Sexta à noite, às oito e pouco. Excitante. Quando eu cheguei, pediram que eu segurasse uma peça do meu carro rente à calçada. Foi o que eu fiz. A peça foi despedaçada por um martelo enquanto meu pensamento exato era "legal, não conseguiu consertar, ficou com raiva e quebrou! Agora empresta o martelo aqui para eu bater no capô com tudo!". Acontece que ele arrancou um pedaço da válvula termostática para que meu carro ficasse o mais frio possível. Ligamos para testar. Ferveu. Tive pensamentos impuros. E o guincho encostou e disse "vim buscar esse carro".


Cinco segundos, mas muito mais tempo dentro da minha cabeça, depois, eu consegui perguntar um "quê?" muito xoxo. Ele reiterou: havia vindo com o propósito de buscar meu carro. Pensei que fosse a Morte dos veículos. Ou que fosse o guincho da prefeitura e o prefeito tivesse decretado meu carro uma calamidade. Talvez os deuses estivessem dizendo "renda-se, seu grande imbecil". Pensei nos meus gatos. E no sanduíche insalubre do "almoço".

Levou algum tempo até que eu conectasse o guincho à minha mãe (mentalmente, claro, embora naquele momento eu tenha desejado ir além). O que ocorre é que ela ligou para o meu pai, que ligou para um mecânico, que ligou para o guincho. E procurando por mim também estavam a CET, a DERSA e alguns comandos especiais familiares. A Polícia Rodoviária, no entanto, não desperdiça recursos procurando gente pela Marginal, como disse à minha estimada genitora - ponto para eles!

Tá certo.

Reembolsado pela viagem inútil o guincho e resolvido o problema do motor com algumas gambiarras extras, o mecânico foi embora (não antes de um conflito civilizado com um maluco que eu preguiçosamente vou omitir), finalmente imaginei poder seguir viagem. O guincho, no entanto, muito gentil, ofereceu-se para me escoltar por alguns quilômetros, para ter a certeza de que eu seguiria bem a viagem. Tive vontade de enfiar a cabeça do bom homem nas câmaras de explosão do meu veículo e no meu joelho, alternadamente. Não que eu seja a pessoa mais ingrata do mundo. O que ocorre é que minha bexiga já estava explodindo. Cace nas linhas acima desde quando eu estava com o desejo forte de urinar! Puta que pariu, umas quatro horas espremendo minha bexiga e aquele maldito ser do inferno se oferece para fazer um favor? Aceitei, espumando de ódio e agradecendo, entrei no carro e pisei o mais profundamente que consegui do acelerador, esperando que o lento guincho me perdesse de vista. E o cara sempre ali, de forma que eu não poderia ir para a pista interior e parar em um posto. Mas quinze minutos depois eu cheguei à Ayrton Senna, já bem escura, parei o carro no acostamento e corri como o Cadeirudo, corri feito uma gazela tresloucada com um rojão atolado na bunda* e resolvi meus problemas em um grande barranco deserto.

E, muito feliz, para completar minha epopéia, tirei a capota do meu veículo, liguei os faróis ocultos e pisei fundo. Enquanto eu ensurdecia por causa do vento, aparava em minha testa alguns gramas de carga do caminhão de lixo à minha frente e me divertia loucamente com o brinquedão, pensei pela terceira e última vez naquele dia: "meu carro antigo não fazia isso". E rodei por mais algumas horas antes de ter que deixá-lo no mecânico. Onde está até a presente data de finalização deste texto.

*Nenhum animal foi ferido na confecção desta metáfora.

Você leu tudo. Você merece.