segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O Nome Da Rosaa

Recentemente estive limpando minha caixa de e-mails e encontrei algumas pérolas antigas. Entre a costumeira cascata de vídeos pornográficos e mensagens de calúnica, difamação e chantagem, eu acabei passando por uma velharia ainda muito atual, sobretudo com o advento do Twitter. Para proteger o colega redator deste jumbo de erros de digitação, excesso de vírgulas e reticências e falta de divisão paragráfica, vou atribuir a ele um psudônimo - vamos chamá-lo somente de "o Mono da Seara" e ler a porcaria que ele escreveu enquanto confundia pontos de interrogação com aspas (o que convenientemente me livra do trabalho de ter que adaptar aspas duplas para aspas simples):

"Esse post é uma realização de MYB Productions na Fornications LTDA.

Há muito tempo atrás, no longínquo ano de 1964 era instituído o golpe
militar. A partir daí o que vimos foi um governo autoritário e completa
aniquilação da liberdade de expressão. Sem a possibilidade de se dizer o
que pensava, vimos crescer, aflorar e desabrochar um grande, ou não tão
grande assim, número de pessoas dispostas a dizer o que pensavam, mesmo que
para isso tivessem que utilizar toda a sua técnica verborrágica para que
seu modo de pensar não fosse automaticamente detectado pelos censuradores.
Vemos nesse momento artistas como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto
Gil, Tom Zé, Belchior, e outros que se esforçaram para não deixar de
mostrar sua indignação em relação ao regime autoritário, mas ao mesmo tempo
tentavam impedir que suas canções fossem proibidas. Músicas muito intensas,
muito bem feitas, com uma crítica aguda e voraz ao movimento militar eram
tidas como hinos da juventude, demonstravam a indignação dos jovens, dos
alunos da USP que invadiram o prédio do crusp, na mesma época em que TUPÃ,
o mestre, começava a trabalhar e cursar a faculdade. Essas músicas falam
sem falar. O que quero dizer é que era possível entender o sentido obscuro
por trás daquelas palavras e sons, mas não era explícito e por isso a
censura não podia impedi-los-los. Era uma juventude cheia de idéias novas,
de vontade de fazer algo diferente e disposta a mudar a realidade que
viviam. A ditadura tentava impedi-los de demonstrar suas idéias, mas eles
lutavam contra isso. Numa época em que ninguém podia falar nada, eles eram
os que mais falavam. Ao contrário de Roberto Carlos que falava sobre uma
festa de arromba com seu amigo, de ele subindo a augusta com seu carro, as
pessoas que citamos mais acima falavam da repressão, da morte e do
silêncio.. Da vida, das novidades, de idéias, de sonhos.... falavam de
coisas próprias, coisas gerais, ideais deles, compartilhados com
todos...... numa época em que ninguém podia falar, mas eles falavam, se
arriscavam e falavam..... mas muitos continuavam falando de suas festinhas
e de seus carros....o tempo passou.... a ditadura se tornou insustentável,
mas as coisas ainda eram difíceis para os músicos nos anos 80.... a censura
ainda proibia Raul Seixas de gravar algumas músicas, como o ¿rock das
aranhas¿, por julgá-la imoral.. Até o RPM foi censurado por causa de
¿alvorada voraz¿, que falava de escândalos do governo..... ao mesmo tempo,
Ovelha gravava uma música americana em português, wando cantava ¿você é
luz¿, e outros cantores bregas se acumulavam nas rádios e prateleiras, ao
lado do eterno TED, ODAYR YPSILON JOSÉ... Mas ainda havia um ódio, uma
revolta junto aos jovens que se amontoavam em shows de bandas como Capital
Inicial, IRA!, Barão Vermelho, Legião Urbana. Renato Russo escrevia
¿geração coca-cola¿, ¿que país é esse¿, músicas que demonstravam que os
jovens não estavam satisfeitos... que queriam mudanças, que precisavam de
mudanças.... Mas ao mesmo tempo Fábio Júnior cantava ¿caça e caçador¿,
Roupa Nova cantava ¿Dona¿, Dominó cantava ¿P da vida¿.... Sempre existiram
dois pólos na música nessas épocas, os que não estavam nem aí e os que se
preocupavam em tentar mudar alguma coisa, por menor que fosse. Não digo que
os que não estavam nem aí estivessem errados, a presença deles é muito
útil, não devemos esquecer que músicas românticas, bregas, todas são
válidas e úteis, todas tem um motivo pra existir, elas divertem as pessoas,
mas as músicas de protestos são importantíssimas, representam uma parcela
descontente da população... Hoje há menos problemas do que na época da
ditadura? Certamente há um problema a menos, a dtadura. Mas o resto está
perfeito??? Maravilhoso??? Será que apenas Gabriel o pensador ainda quer
fazer uma música que se revolta contra alguma coisa que acontece? Não sou
fã dele, mas ele é o único que ainda se revolta e tenta mostrar isso em
suas músicas.. mesmo que no meio entre algo com ¿lora burra¿, uma estupidez
incrível deste compositor..... mas o que é chato é ver que o tão amado e
respeitado Renato Russo (esclareço que ele é amado por milhares de pessoas,
nas quais eu não me incluo, porém o respeito por ser um grande compositor),
um compositor muito bom, de uma capacidade léxica incrível, que consegue
expor de forma sutil suas idéias, tenha deixado de escrever suas canções
críticas, e tenha passado a contar casos de amor homossexual em suas
músicas. O mesmo que ocorreu com Cazuza, outro grande compositor que podia
ter demonstrado ainda mais sua indignação em usas músicas, mas preferiu
cantar o que que ¿faz parte de meu show¿. Ok, respeito suas vontades, mas é
triste ver tamanha capacidade desperdiçada. Deixa isso pro Fábio Júnior.
Mas o que acontece é que ao ter a liberdade de expressão tão desejada, as
pessoas deixam de se expressar. Por que na ditadura, onde ninguém podia
falar, as pessoas falavam, e agora que podemos cantar tudo, preferimos
dizer que ¿um tapinha não dói¿, dizer que não sei ¿o que fazer quando um
querer só faz chorar, só faz sofrer um coração¿, ou até contar que ¿ toda
vez que eu chego em casa a barata da vizinha tá na minha cama¿, Claro que
essas músicas têm que existir, mas apenas essas têm que existir?? Uma
música criticando o sistema de ensino é inútil? Uma música criticando o
sistema de saúde, as balas perdidas, a guerra do tráfico, o vandalismo, as
drogas, a polícia corrupta, será que tudo isso deve ficar restrito aos
grupos de rap da periferia??? não há como fazer uma música como era feita
por Chico Buarque, melodiosa, harmoniosa, bem escrita, revoltada e
significativa?? Sim, há. Mas ninguém faz. No momento em que temos a maior
oportunidade de falar, nos calamos.. quando nos deixam falar, nos
calamos.... como se agora não fizesse sentido falar, pois podemos
falar...... é como um criança que só quer colocar o dedo na tomada porque a
mãe disse pra ela não fazer, mas se a mãe permitisse que ela colocasse, ela
não iria colocar.... é uma atitude ridícula de todos os lados, pois sabemos
que isso ocorre também porque as gravadoras não querem esse tipo de música,
pois essas músicas não vendem... e sabemos que essas músicas não vendem
porque as gravadoras não querem, pois se conseguem vender até cd do
Tiririca, conseguiriam vender qualquer coisa... mas minha crítica até aqui
foi apenas uma introdução ¿aquilo que falei lá em cima... (aliás, o djavan
tem uma capacidade incrível para fazer letras de música, por que será que
ele não para um dia e ao invés de falar de aprender japonês em braile, ele
não faz uma música criticando o sistema de ensino pra deficientes
auditivos??) Bem, hoje temos uma capacidade de divulgar informação enorme,
temos um cardume de formas de divulgarmos o que queremos, seja pela
internet seja pelo rádio, pela tv, qualquer lugar... mas a internet é um
modo bem peculiar. Um computador, uma linha telefônica, coisas a que grande
parte das pessoas tem acesso. Seja em casa, trabalho, cyber café, escola...
Um pulso... é o que se paga por qualquer tempo de utilização do telefone no
domingo.... com o Itelefônica, que te dá 15% de desconto, você paga 85% de
1 pulso. Pra colocar qualquer tipo de informação.... Eu olho e vejo um
blog.... é grátis, você coloca o blog de graça, gratuitamente, é grátis e
além de tudo você não paga nada para colocar esse blog, que não te custa
nada e que não é necessário pagar para utilizá-lo, além de não ter custos.
Um blog, que pode ser acessado por milhares de pessoas, que pode ser
mostrado pra milhares de pessoas. Isso e a liberdade de expressão com a
qual sonharam tantos de nossos ícones da música, do cinema, da tv.... é o
espaço perfeito pra podermos falar o que pensamos, como pensamos, pra
discutirmos idéias, teorias, pra conversarmos, pra compararmos nossas
idéias e ¿sodoestearmos*¿ nossos passos, de acordo com as anãlises que
fizermos do que foi dito.... é um espaço onde podmeos colocar até uma
crítica completa sobre a obra do esforçado Marx, tendo como base a teoria
durkheimiana e por trás disso, Malthus.... pode.... pode colocar o que
quiser, e muitas pessoas podem ler, gostar, odiar, pode gerar polêmica,
pode gerar um grupo de amigos/colegas, pode gerar ¿discução¿ e consequente
caos, que levará a um crescimento mental, cultural e intelectual enorme,
pode gerar uma discussão como o post de Urion sobre matrix gerou, uma
discussão aberta, cheia de opiniões divergentes, com respeito às opiniões
existentes, uma discussão que fez as pessoas que leram e participaram se
sentirem melhores, aprenderem mais, sobretudo.. uma discussão.....
O blog é um espaço perfeito pra isso, mas o que eu vejo normalmente?? Vejo
a estupidez de blogs que escancaram uma vida monótona, inútil e brega pra
pessoas que tem ainda menos pra fazer do que aquele que está escrevendo.
Vejo blogs onde há mensagens sem nenhum sentido de pessoas em estado
psicológico lastimável, e que quer ¿compartilhar¿ sua tristeza com os
outros ao invés de tentar resolver seu problema. Blogs de louvação a
namoradas de pessoas que mal sabemos quem são, que contam detalhes
altamente dispensáveis da vida sexual de desconhecidos, blogs com mensagens
do tipo ¿ hoje estou com sono... vou dormir...¿ ; hoje é segunda.. me dá
muita preguiça na segunda feira... acho que é porque vem depois do
domingo.... vc já notou que o dia de domingo, no plural vira o nome de um
homem?? DOMINGOS.... interessante né??¿.. blogs, blogs e mais blogs, espaço
cultural livre utilizado da forma mais ridícula possível, da forma mais sem
sentido... não quero saber se o dono do blog tem sono, gosta de pizza,
gosta de verde, amarelo, roxo, azul, magenta, cinza escuro e palios
verdes..... não me interessa, não interessa pra ninguém pois não sabemos
nem quem ele é...... não interessa nem pra mãe dele...Isso é uma coisa
ridícula.. é como se tivéssemos a possibilidade de sermos Chicos Buarques e
Zecas Baleyros, mas preferíssemos ser Mcs Serginhos, Wanessas Camargos e
KLBs....... Nós temos a possibilidade de disseminar cultura, de adquirir
cultura, de colaborar com discussões, de aprender a discutir, a defender
ideias, a protestar.. mas o que fazemos?? Escrevemos que a ex namorada está
ligando pra nossa casa... escrevemos que fomos num restaurante com a
namorada...e ainda colcamos embaixo.... eu amo minha namorada..... e
colocamos isso piscando e um detalhe... mas ela comeu muita pizza
ontem....FODA-SE, FODA-SE FODA-SE...... vamos usar o espaço que temos pra
fazer algo de útil, de interessante, de importante, pra nós, pros otros,
vamos fazer posts engraçados, que chamem a atenção, vamos discutir teorias
novas, vamos pensar em idéias revolucionárias, se é que elas existem, vamos
fazer algo decente e parar de fazer posts ridículos sobre detalhes
impertinentes de nossa própria vida, que não dizem respeito e não
interessam a ninguém..... vamos viver para o mundo e parar de olharmos para
o nosso próprios umbigo... ter um blog pessoal, um diário na internet e
achar que isso é interessante para os outros é julgar que somos as pessoas
mais importantes do universo, que há muitas pessoas querendo ler se eu
escovei os dentes hoje.... Mas não é.. Paremos de ser egoístas e pensemos
que podemos fazer um blog juntos, todos, grandes discussões..... vamos
fazer um blog pra ser comentado, pra ser lido, pra ter idéias novas, pra
ser sincero, pra ser real, pra ser nosso, pra ser geral e não egoísta, pra
ser cultural e não inútil, pra ser interessante e não pra ser fofoca de
gente que nem famosa é.... se é pra saber da vida de alguém que eu não
conheço, eu compro a ¿contigo¿...... Eu quero informação nova, eu quero um
blog Belchior e não um blog Art Popular... eu qeuro ter essa liberdade de
expressão pra expressar alguma coisa e parar com essa coisa ridícula e
infantil de escrevermos como foi nosso dia achando que outros querem
saber...... Por isso , a MYB Productions está lançando o MAB ¿ Movimento
anti-babaquice. Cujo slogan é ¿Blog é cultura. Diário que é diário é
segredo absoluto¿. Esse slogan representa a verdade que é: num diário
escrevemos coisas íntimas que não contaríamos para ninguém. Pergunte a
qualquer mulher que já teve um. Elas escrevem até como foi a primeira vez
delas, com cada namorado.... isso é coisa que não se coloca no blog, mas
então não é um diário, é uma fabriquinha de emoções forçadas e forjadas,
para enganar/ludibriar/sacanear os idiotas que lêem achando que estão
descobrindo coisas sobre outras pessoas. Qualquer um auqi consegue fazer
pelo menos 3 tipos de blogs diferentes, e colocar mensagens todos os dias
criando his´torias diferentes.. pode-se tentar com
1- o maníaco depressivo que perdeu a namorada e os amigos e quer se matar
2- o namorado apaixonado que coloca o nome de sua namorada no post de 3 a 4
vezes e se declara em todos os posts
3- a menininha confusa que não sabe se deve ficar com 7 pessoas por noite,
se deve transar com o namorado, se deve se masturbar, se deve ser lésbica,
se odeia a mãe ou se odeia a irmã, se é patty e vai ao shopping, se é pobre
e quer ir e não pode.

Por isso lanço o movimento, que acho que causará discussão, controvérsias,
brigas, ódio e caos, mas levará ao crescimento....
MAB- (não é Maria Aparecida Baccega) mas é MAB ¿ Movimento Anti-Babaquice!
Não ao Blog diário..... Blog é cultura, Diário que é diário é segredo
absoluto!
Obrigado, MYB productions
É importante saber quem é quem nessa panela."

Vale dizer que hoje esse singelo rapaz hoje trabalha pros capetas chupadores de bolas do status quo e que a última vez que ensaiou brincar de Chico Buarque faz já uns bons anos. Mas se hoje ele é brando na poesia eu espero que seja negro demais no coração e um dia largue tudo pra virar um tipo de panfletário maluco de praça pública ou metralhe uma sala de cinema em que esteja passando Juno ou filme similar.

3 comentários:

Marengoni disse...

É da Paneleca isso?

Quem diria que ele era politizado assim! Hoje ficou conhecido no mundo da publicidade -- e jurídico, por óbvio -- como o filho da puta que não chama os colegas para almoçar.

Ragatango.

Vinhote Que Rusga disse...

Que ele não chame os amigos pra almoçar é uma surpresa.

Bakunin, o mochileiro comilão de Browniânia disse...

Você é estranho.