-Oi.
-Oi.
-Tá comendo coxinha, é?
-... tô.
-Legal. Sabe como eles fazem?
-Hã... tem a massa, eles enchem de frango...
-É. Mas sabe como eles matam o frango?
-Olha, eu realmente não quero saber.
-Eles quebram o pescoço do bichinho. Faz "croque".
-Meu senhor, você pode me deixar comer em paz?
-Aí eles tiram as partes nobres, moem os restos indesejados e socam dentro dessa massa.
-Ô garçom, fecha a conta pra mim, por favor?
-Que é puro óleo, aliás. De má qualidade. Seboso e cheio de toxinas.
-Você é um desses vegetarianos malucos, é?
-Não, não. Eu sou um tarado maluco.
-Oi?
-Oi. Eu te achei bonita, então estou te seduzindo.
-...
-Então. Deixa eu te contar agora como fazem salsichas.
-Em que tipo de terra esquizóide isso se classifica como sedução?
-Bom, você vai querer me fazer parar de falar. Um jeito de fazer isso é ocupando minha boca com um beijo.
-É, e o outro é enfiando esse copo na sua cara.
-Então minha chance de sucesso é de 50%. Não é tão ruim.
-Esse é um raciocínio... ruim. Cadê a porra da conta?
-Deve estar vindo. Eles estão cheios, hoje.
-O lugar está vazio.
-De clientes, sim. Mas as baratas estão fazendo a festa pela cozinha, demora pra matar todas.
-Você não desistiu ainda desse plano maluco?
-De modo algum. Tenho tido sucesso.
-Bom, em alas psiquiátricas, talvez.
-Em alas psiquiátricas eu tenho outros métodos.
-É?
-É.
-Eu não quero perguntar quais são.
-Não pergunte.
-Quais são?
-Depende da garota. Eu sempre posso batucar ritmos irregulares perto de meninas com TOC, por exemplo.
-Batucar? Mas aí elas não vão querer ocupar sua boca, vão... ah. Que nojento.
-Ótimo. Mato dois coelhos com uma só cajadada: te seduzo e ainda tenho uma conversa agradável.
-Bom, desde que não chegue perto de mim com essas mãos cheias de fluidos de garotas com TOC...
-Em primeiro lugar, não é algo contagioso. Em segundo, eu sou mais direto, não batuco com as mãos.
-Eca. Você precisa entender que eu estou ficando mais enojada a cada segundo e isso não está te ajudando.
-É, eu sei. Tem que chegar a um ponto específico de desespero. Já já a gente alcança.
-Tá... eu vou processar esse restaurante por demorar demais para trazer a conta.
-Eu acho que não se pode fazer isso. Você é louca?
-Você está me acusando de ser louca? Você?
-Acusando não; perguntando. Pra eu poder mudar minhas táticas.
-Certo. Não, não sou. Ah, minha conta está chegando. Tchau, lunático.
-Pus!
-Hein?
-Pus! Também conhecido como suquinho de infecção, lá em casa! A gente bebe.
-Ah, tá ficando desesperado? Bom, já era. Você tem o tempo de eu preencher um cheque.
-Gordo! Gordo pelancudo! Gordo pelancudo malcriado! Gordo pelancudo malcriado velho! Faustão!
-Vou te dar uma chance, hein? Estou fazendo nominal ao estabelecimento.
-Badalhocas! Ary Toledo pagando um boquete! Um cão sarnento cagando num bebê estripado! Espartalhões!
Seguiu-se uma miríade de nojeiras. E, realmente, como num passe de mágica, um impulso, um espasmo irresistível fez com que a moça se debruçasse, lábios se encontrassem e fosse realizado o planejado beijo. Que durou por cerca de trinta segundos, enquanto o espasmo fazia o resto do seu trabalho, de descartar bile e alguma miscelânia de conteúdos estomacais.
Eu espero que essa história não tenha sido nojenta demais para você. Mas, se foi, me liga, beibe.
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Há 3 meses
2 comentários:
Combina com seus métodos de sedução. Mas pota que pariu, não queria ficar com essa imagem na cabeça!
Cara, você tem piorado na qualidade das suas histórias também. Realmente está em processo de definhamento total. Incluindo-se nesse total o elemento criatividade.
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