segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Com Nexo Inchado

-Oi.
-Oi.
-Tá comendo coxinha, é?
-... tô.
-Legal. Sabe como eles fazem?
-Hã... tem a massa, eles enchem de frango...
-É. Mas sabe como eles matam o frango?
-Olha, eu realmente não quero saber.
-Eles quebram o pescoço do bichinho. Faz "croque".
-Meu senhor, você pode me deixar comer em paz?
-Aí eles tiram as partes nobres, moem os restos indesejados e socam dentro dessa massa.
-Ô garçom, fecha a conta pra mim, por favor?
-Que é puro óleo, aliás. De má qualidade. Seboso e cheio de toxinas.
-Você é um desses vegetarianos malucos, é?
-Não, não. Eu sou um tarado maluco.
-Oi?
-Oi. Eu te achei bonita, então estou te seduzindo.
-...
-Então. Deixa eu te contar agora como fazem salsichas.
-Em que tipo de terra esquizóide isso se classifica como sedução?
-Bom, você vai querer me fazer parar de falar. Um jeito de fazer isso é ocupando minha boca com um beijo.
-É, e o outro é enfiando esse copo na sua cara.
-Então minha chance de sucesso é de 50%. Não é tão ruim.
-Esse é um raciocínio... ruim. Cadê a porra da conta?
-Deve estar vindo. Eles estão cheios, hoje.
-O lugar está vazio.
-De clientes, sim. Mas as baratas estão fazendo a festa pela cozinha, demora pra matar todas.
-Você não desistiu ainda desse plano maluco?
-De modo algum. Tenho tido sucesso.
-Bom, em alas psiquiátricas, talvez.
-Em alas psiquiátricas eu tenho outros métodos.
-É?
-É.
-Eu não quero perguntar quais são.
-Não pergunte.
-Quais são?
-Depende da garota. Eu sempre posso batucar ritmos irregulares perto de meninas com TOC, por exemplo.
-Batucar? Mas aí elas não vão querer ocupar sua boca, vão... ah. Que nojento.
-Ótimo. Mato dois coelhos com uma só cajadada: te seduzo e ainda tenho uma conversa agradável.
-Bom, desde que não chegue perto de mim com essas mãos cheias de fluidos de garotas com TOC...
-Em primeiro lugar, não é algo contagioso. Em segundo, eu sou mais direto, não batuco com as mãos.
-Eca. Você precisa entender que eu estou ficando mais enojada a cada segundo e isso não está te ajudando.
-É, eu sei. Tem que chegar a um ponto específico de desespero. Já já a gente alcança.
-Tá... eu vou processar esse restaurante por demorar demais para trazer a conta.
-Eu acho que não se pode fazer isso. Você é louca?
-Você está me acusando de ser louca? Você?
-Acusando não; perguntando. Pra eu poder mudar minhas táticas.
-Certo. Não, não sou. Ah, minha conta está chegando. Tchau, lunático.
-Pus!
-Hein?
-Pus! Também conhecido como suquinho de infecção, lá em casa! A gente bebe.
-Ah, tá ficando desesperado? Bom, já era. Você tem o tempo de eu preencher um cheque.
-Gordo! Gordo pelancudo! Gordo pelancudo malcriado! Gordo pelancudo malcriado velho! Faustão!
-Vou te dar uma chance, hein? Estou fazendo nominal ao estabelecimento.
-Badalhocas! Ary Toledo pagando um boquete! Um cão sarnento cagando num bebê estripado! Espartalhões!

Seguiu-se uma miríade de nojeiras. E, realmente, como num passe de mágica, um impulso, um espasmo irresistível fez com que a moça se debruçasse, lábios se encontrassem e fosse realizado o planejado beijo. Que durou por cerca de trinta segundos, enquanto o espasmo fazia o resto do seu trabalho, de descartar bile e alguma miscelânia de conteúdos estomacais.

Eu espero que essa história não tenha sido nojenta demais para você. Mas, se foi, me liga, beibe.

2 comentários:

Nalí disse...

Combina com seus métodos de sedução. Mas pota que pariu, não queria ficar com essa imagem na cabeça!

Bakunin, o mochileiro comilão de Browniânia disse...

Cara, você tem piorado na qualidade das suas histórias também. Realmente está em processo de definhamento total. Incluindo-se nesse total o elemento criatividade.