terça-feira, 15 de setembro de 2009

Xona, Bixinho

Eu sei que já passou a moda e tudo mais, mas eu ainda sinto que preciso me expressar a respeito da onda do xixi no banho. Eu adotei uma posição de silêncio respeitoso. Sabe aquele silêncio digno, cheio de pompa, a quietude dos cautelosos? Pois é, grande merda. Xingar as coisas é muito mais gostoso. E eu me sinto bastante inclinado a xingar, basicamente, dois lados dessa história de xixi no banho: quem é pró e quem é contra. E todo e qualquer misto de opiniões a respeito, também, por que não?

Em primeiro lugar, vamos deixar bem claro que xixi no banho é uma idéia panaca. É, legal, economiza uma descarga. E uma descarga de oito litros por dia a cada cento e noventa milhões de idiotas, pra falar só no Brasil, é água pra cacete pra limpar água de cacete. Só que tem o chuveiro lá, jogando água pra baixo, de boa. E ele movimenta mais água que a descarga nesses trinta segundos em que você está se perguntando o porquê de o lançamento balístico de líquidos não ter distância máxima aos quarenta e cinco graus de inclinação. Você pode muito bem desligar o chuveiro durante a mijadinha, mas aí não é xixi no banho, é meramente xixi no ralo. A propósito, pela linha sobre lançamento balístico, você deve ter adivinhado que eu vou cobrir aqui mais as procupações masculinas com o problema. Eu - graças a deus - não tenho muita experiência prática com o urinar feminino. Mas já dá pra ver, pela teoria, que seria algo bem menos prático e altamente objecionável por parte das pernas.

Outra idéia seria você continuar se ensaboando/enxaguando durante o golden shower do seu piso. Isso traz dois probleminhas: a) você tem um esfincter. Ele é um negócio mais ou menos voluntário, mas perceba que você quase necessariamente precisa acioná-lo ao mudar o peso de uma perna pra outra. E ao fazer diversos outros movimentos. Isso é altamente desconfortável e vai afetar tremendamente sua performance, acredite em mim. É ae possível que você aprenda a controlar o esfincter separadamente, aperfeiçoando suas capacidades de mijar enquanto realiza diversas outras atividades. Eu suponho que esse tempo possa ser melhor investido no aprendizado do duplo twist carpado, mas cada um tem uma opinião diferente a respeito de como aproveitar o próprio tempo para aprender inutilidades. b) O outro problema de não parar de se mexer para o pipi é o mesmo problema que demanda que bombeiros não tentem dançar à polka enquanto tentam apagar incêndios. Nada contra paredes de box mijadas, mas eu suponho que você vá querer limpá-las com água que cai do chuveiro, usando as mãos como conchinhas e, de novo, aí está o desperdício de água. Caso você não queira limpar, não ligand para o cheiro de urina, não faz nenhum sentido eu estar aqui digitando para você. Mije por aí à vontade. Nas calças, no sofá, no cachorro, só de sacanagem. Mije ao trabalhar, mije ao cozinhar, mije durante o duplo twist carpado. Porra, tá aí uma manobra difícil. Com isso eu ficaria muito, muito impressionado.

Então xixi no banho é uma idéia panaca. Mas quem é contra geralmente diz que é porque é anti-higiênico ou alguma frescura semelhante. Puta que pariu sêxtuplos! Dá vontade de mijar do olho de um infeliz desses. É sempre um argumento escroto que se coloca por parte dos contrários à iniciativa. E isso é até mais ou menos previsível: tirando o argumento de baixa eficiência do plano, vagamente delineado no parágrafo anterior, não há mais coerentes. Eu, particularmente, teria lançado uma campanha melhor: xixi na pia. Seria mais revoltante, eu imagino, mas muito mais eficiente. A pia não representa desperdício nenhum. A água que vai limpar a porcelana é a mesma que você usaria, de qualquer forma, para lavar as mãos. Bom, que 12% da população masculina usaria, de qualquer forma, para lavar as mãos. O argumento do contra pode até vir, mas provavelmente só daquelas pessoas que costumam esfregar o rosto no fundo da pia e que não sabem que urina é hidrossolúvel.

Se vocês quiserem realmente fazer alguma coisa para ajudar o povo pra lá de imbecil do S.O.S. Mata Atlântica, que começou essa campanha, você pode tomar uma iniciativa: cocô no banho. Sério, já imaginou quantos bilhões de quilos de papel higiênico são utilizados só pra limparmos (mal!) nossas bundinhas? E tudo porque temos preguicinha de lavar nossos rabos direito? Então coma mamão todos os dias ou tome uma boa golada de óleo de rícino e borre-de de amores pela vegetação tropical.

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